Cientistas brasileiros desenvolvem pílula inédita para prevenir a demência e o AVC
Iniciativa gaúcha surpreende ao combinar simplicidade e tecnologia aliados a componentes para evitar males silenciosos cotidianos

Imagine que, em vez de esperar a pressão subir demais para começar um tratamento, fosse possível agir mais cedo com um único comprimido para evitar não só derrames cerebrais (AVC), mas também problemas de memória sérios como a demência. É exatamente essa promessa que pesquisadores brasileiros trouxeram à luz com um novo estudo clínico.
Pesquisadores do Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre), em parceria com o Ministério da Saúde via Proadi-SUS, desenvolveram uma polipílula inovadora que combina três substâncias.
Duas delas são para controle da pressão arterial e uma estatina para o colesterol, com o objetivo de prevenção de AVC e de declínio cognitivo, ou demência.
A pesquisa, chamada PROMOTE, envolveu inicialmente 421 participantes, dos quais 371 foram randomizados para receber a polipílula ou placebo, além de intervenções para mudança de estilo de vida.
Cientistas brasileiros desenvolvem pílula inédita para prevenir a demência e o AVC
Eles tinham risco baixo ou moderado de AVC, pressão arterial considerada limítrofe (entre 120-139 mmHg para a sistólica) e pelo menos um fator adicional de risco, como sedentarismo, alimentação inadequada, obesidade ou tabagismo.
Após nove meses de uso, os resultados foram promissores: redução média de 13 mmHg na pressão sistólica (máxima) e cerca de 6 mmHg na diastólica (mínima).
“Essa polipílula está sendo avaliada para ver se, reduzindo a pressão, reduz o risco de AVC e demência. Sabemos que baixar 2 mm da pressão material já tem uma redução de 10% no risco de AVC”, explica a líder do projeto e chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia, Sheila Martins, em depoimento ao G1.
Melhora nos níveis de colesterol, com queda significativa medida no estudo. Uso do aplicativo “Riscômetro de AVC” mostrou impacto interessante: cerca de 82,4% reconheceram seus fatores de risco, 71,1% relataram mudanças positivas nos hábitos de vida.
Os pesquisadores afirmam que esses números sugerem não só redução de risco de AVC, mas também potencial para diminuir casos de demência, infarto do miocárdio e morte cardiovascular.
A previsão é que a polipílula esteja disponível à população a partir de 2025 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se aprovado e incorporado.
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