Mãe de 5 filhos pode passar 10 anos presa por vender bolos com bolsa do governo

O caso ganhou destaque nas redes sociais após ser acusada de usar os benefícios do programa de assistência alimentar para comprar ingredientes e vender bolos e doces, tentando sustentar sua família

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Mãe de 5 filhos pode passar 10 anos presa por vender bolos com bolsa do governo
(Foto: Captura de tela/ Youtube/Canal Receitas Da Cris)

O uso da bolsa do governo sempre gera debates sobre seus limites e responsabilidades, especialmente quando envolve situações de sobrevivência.

Recentemente, uma mãe de cinco filhos, moradora de Michigan, nos Estados Unidos, reacendeu discussões sobre até onde vai o controle do uso da bolsa do governo e o que realmente deveria ser considerado um crime.

Mãe de 5 filhos pode passar 10 anos presa por vender bolos com bolsa do governo

Talia C. Teneyuque, de 32 anos, teria utilizado seu Bridge Card, equivalente americano à bolsa do governo, para comprar produtos alimentícios que usava na produção de bolos, tortas e outros doces vendidos pelo Facebook.

As vendas ocorreram entre janeiro de 2022 e setembro de 2023 e, segundo o governo, teriam gerado “milhares de dólares” em lucro.

No entanto, as autoridades afirmam que a ação de Talia viola a Lei de Cupons de Alimentação de 1977, que proíbe o uso dos benefícios para fins comerciais ou de revenda.

Por isso, ela foi acusada formalmente de fraude com vale-alimentação — um crime considerado grave, punível com até 10 anos de prisão e multa de até US$ 250 mil.

Talia chegou a ser presa em agosto, mas foi liberada sob fiança enquanto aguarda julgamento no Tribunal do Condado de Saginaw.

O caso, que poderia parecer simples, levantou uma série de discussões sobre o uso da bolsa do governo e as dificuldades enfrentadas por famílias de baixa renda.

O dilema entre necessidade e legalidade

A situação de Talia é vista por muitos como um reflexo das contradições do sistema de assistência social.

A bolsa do governo existe para garantir alimentação básica, mas as regras impedem que os beneficiários usem os recursos para empreender — mesmo que isso signifique buscar uma fonte de renda para sair da dependência do auxílio.

Muitos argumentam que casos como o de Talia deveriam ser tratados com mais sensibilidade, levando em conta o contexto social e a intenção da ação.

Afinal, ela não usou o benefício de forma ilícita para luxo ou desperdício, mas sim para tentar gerar renda e alimentar seus filhos.

O que o caso revela sobre programas de assistência

Esse episódio reforça a necessidade de repensar políticas públicas e regras de programas como a bolsa do governo.

Em vários países, existem iniciativas que estimulam o uso responsável dos benefícios para empreender ou gerar renda complementar.

No entanto, nos Estados Unidos, a legislação ainda é bastante rígida, o que acaba punindo quem tenta sair da pobreza por meios próprios.

O caso de Talia agora se tornou símbolo de um debate maior: até que ponto o Estado deve controlar o uso dos benefícios sociais?

E quando a busca por sobrevivência deve ser vista como crime?

Independentemente do desfecho jurídico, a história da mãe de cinco filhos chama atenção pela dura realidade de muitas famílias que dependem da bolsa do governo para viver.

A fronteira entre “ajuda social” e “autonomia financeira” é, muitas vezes, tênue — e casos como esse mostram que talvez seja hora de olhar para os beneficiários com mais empatia e menos punição.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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