Mãe e filha constroem casa com 8 mil garrafas de vidro no litoral de Pernambuco e chamam atenção pela criatividade
Projeto das garrafas usa bioconstrução para transformar resíduos em moradia e ajuda a reduzir lixo nas praias da região

Nos últimos anos, o debate sobre sustentabilidade deixou de ser restrito a especialistas e alcançou cada vez mais famílias brasileiras. Além disso, o tema passou a fazer parte do cotidiano por causa das mudanças ambientais cada vez mais perceptíveis.
A combinação de descarte incorreto de resíduos, aumento do consumo e impactos ambientais fez crescer o interesse por técnicas alternativas de construção. Por consequência, muitas soluções acessíveis começaram a ganhar espaço entre moradores de diferentes regiões.
Entre essas práticas, as casas feitas com materiais recicláveis ganharam visibilidade por unir baixo custo, durabilidade e preservação do meio ambiente. Dessa forma, passaram a ser vistas como opções reais para quem busca economia e sustentabilidade.
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Foi nesse cenário que um projeto chamou atenção em Pernambuco. Na Ilha de Itamaracá, uma das regiões turísticas mais visitadas do estado, mãe e filha decidiram usar o que encontraram nas praias para erguer a própria residência. Com isso, o reaproveitamento se tornou parte essencial da obra.
O resultado foi uma construção formada por mais de 8 mil garrafas de vidro e outros materiais reaproveitados. Ao mesmo tempo, o projeto chamou a atenção pela criatividade e pelo impacto ambiental positivo.
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Como surgiu o projeto de bioconstrução
A ideia começou quando Edna Dantas percebeu a quantidade de embalagens descartadas nos fins de semana. A região recebe muitos visitantes, e o volume de lixo aumenta principalmente em feriados prolongados. Por isso, garrafas de vidro apareciam como um dos resíduos mais comuns.
A partir disso, Edna e a filha, Maria Gabrielly, passaram a recolher o material e estudar técnicas de bioconstrução. Esse tipo de obra existe há décadas em países da América Latina, especialmente no México e na Bolívia, onde comunidades usam garrafas para criar estruturas resistentes e com bom isolamento térmico. Inclusive, essas construções costumam ser referência em projetos de baixo impacto ambiental.
Na casa pernambucana, as garrafas foram organizadas em fileiras e envolvidas por uma mistura de cimento e areia. O método reduz a necessidade de tijolos e ainda reaproveita toneladas de vidro que poderiam ir para aterros. Desse modo, o processo se torna mais econômico e sustentável.
Técnicas que tornaram a casa possível
Além das paredes com garrafas, outros materiais sustentáveis foram adotados. Parte das telhas foi produzida com resíduos de pasta de dente triturados, uma técnica que está se espalhando pelo país. Assim, a obra conseguiu reduzir custos sem perder resistência.
A estrutura também usa madeira reutilizada e elementos artesanais típicos da arquitetura local. Como resultado, o ambiente mantém características tradicionais da região.
As garrafas criam um efeito visual que lembra vitrais e favorecem a entrada de luz natural. Isso reduz o consumo de energia durante o dia e melhora a ventilação do ambiente. Além do mais, o visual chama a atenção de quem visita a casa.
O uso do vidro como preenchimento também aumenta o isolamento térmico, uma vantagem importante em regiões de clima quente. Nesse sentido, a técnica se mostra eficiente e adaptável.
Impacto ambiental e social na comunidade
A construção ajudou a retirar das praias um volume significativo de resíduos, colaborando com a limpeza da região e com a conscientização de moradores e turistas. Consequentemente, mais pessoas passaram a se interessar pelo assunto.
Projetos desse tipo costumam incentivar práticas mais sustentáveis e mostrar que materiais considerados descartáveis podem ter utilidade quando recebem o tratamento adequado. Além disso, ampliam o debate sobre reciclagem.
A história ganhou repercussão entre visitantes da ilha, que passaram a conhecer o trabalho de bioconstrução e a importância do reaproveitamento. Logo depois, o assunto se espalhou pelas redes sociais.
Iniciativas semelhantes já aparecem em outros estados, como Minas Gerais e Ceará, onde casas de garrafas chamam atenção por unir sustentabilidade e criatividade. Por fim, essa tendência já começa a se fortalecer em várias regiões.
Por que casas de garrafas funcionam
A técnica é estudada em universidades brasileiras e estrangeiras. Pesquisadores afirmam que as garrafas oferecem boa capacidade estrutural quando usadas como preenchimento e combinadas com argamassa. Além disso, o material apresenta excelente durabilidade.
Elas também ajudam a barrar ruídos e mantêm a temperatura interna mais estável. Por esse motivo, essas construções têm ganhado espaço em áreas de clima quente.
Em países como Argentina e Paraguai, esse modelo de construção é usado em escolas comunitárias e centros culturais. Atualmente, muitos projetos sociais recorrem ao método pela economia e pelo impacto positivo.
Com o avanço das discussões sobre resíduos sólidos no Brasil, a tendência deve ganhar ainda mais espaço. Dessa forma, projetos sustentáveis tendem a se multiplicar.
Exemplo que reforça a importância da reciclagem
A casa construída em Itamaracá virou ponto de visita e demonstra que soluções sustentáveis podem surgir em qualquer lugar. Acima de tudo, ela evidencia o valor da criatividade aliada ao reaproveitamento.
O projeto reforça o papel da reciclagem e da criatividade em um momento em que o país ainda enfrenta desafios no manejo de resíduos. Ainda assim, iniciativas como essa mostram caminhos possíveis.
Somente o Brasil descarta cerca de 2,4 milhões de toneladas de vidro por ano, e menos de 50% desse volume é reciclado. Por isso, ações como essa ajudam a chamar atenção para a necessidade de mudança.
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