Casa na Itália por 1 euro? O detalhe que transforma a promoção em compromisso caro

Programa atrai estrangeiros, mas impõe regras rígidas definidas por cada prefeitura

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Casa na Itália por 1 euro? O detalhe que transforma a promoção em compromisso caro
(Foto: Reprodução)

Parece uma promoção impossível: comprar uma casa na Itália pelo preço de um café. E foi exatamente isso que transformou o programa das “casas por 1 euro” em um dos anúncios imobiliários mais comentados da Europa — atraindo estrangeiros, investidores e curiosos do mundo inteiro.

Mas, por trás do valor simbólico, existe um detalhe que muda completamente o jogo: quem compra não está adquirindo um imóvel barato, e sim assinando um compromisso cheio de prazos, exigências e custos que variam conforme a cidade.

A iniciativa surgiu como resposta a um problema real enfrentado por pequenos municípios italianos: vilarejos com população envelhecida, imóveis abandonados há décadas e centros históricos se deteriorando por falta de moradores.

Para segurar o esvaziamento, preservar as construções antigas e reacender a economia local, diversas prefeituras passaram a oferecer casas degradadas praticamente de graça — desde que o novo proprietário aceite recuperar a estrutura e devolver vida ao lugar.

Na prática, o comprador quase nunca paga pelo imóvel em si, mas assume uma obrigação formal de reforma. E é justamente aí que mora o “truque” do programa, frequentemente ignorado por quem se fixa no preço anunciado.

Cada prefeitura define o pacote de regras: algumas exigem que o interessado apresente um projeto detalhado de reforma; outras determinam datas rígidas para o início e a conclusão das obras. Também é comum que o comprador tenha que depositar uma garantia financeira, uma espécie de caução, que só é devolvida quando todas as obrigações forem cumpridas dentro do prazo estipulado.

Os prazos costumam ser curtos no começo: em muitas cidades, a reforma precisa ser iniciada poucos meses após a assinatura do contrato e finalizada em alguns anos. E não é qualquer obra: como a maioria das casas fica em regiões históricas, as reformas devem respeitar normas de preservação, o que pode elevar o custo de materiais, mão de obra e até limitar alterações no estilo original.

Se o comprador atrasa, descumpre o cronograma ou não cumpre as exigências do município, pode sofrer multas, perder a garantia depositada ou, em casos mais severos, ter o imóvel retomado.

Por isso, esse programa dificilmente serve para quem busca uma casa pronta, rápida ou realmente barata. O custo real aparece onde quase ninguém olha primeiro: reforma obrigatória, taxas cartoriais, impostos locais, contratação de profissionais e, muitas vezes, a necessidade de mão de obra especializada.

Além disso, como os vilarejos são pequenos e afastados, a disponibilidade de fornecedores e trabalhadores pode ser limitada — o que atrasa obras e aumenta o risco de não cumprir o calendário estabelecido.

Ainda assim, quando bem planejado, o programa pode virar uma oportunidade concreta. Quem segue as regras pode transformar um imóvel abandonado em moradia, casa de férias ou até negócio turístico.

Em alguns casos, mesmo somando todos os gastos, o investimento final pode ficar abaixo do preço de regiões mais disputadas do país — especialmente quando o objetivo é construir uma vida mais tranquila ou apostar em um destino alternativo.

O ponto decisivo é entender que não existe um “modelo único” de casa por 1 euro. Cada cidade define suas próprias condições, valores de garantia, prazos e exigências legais.

E é exatamente essa diferença de regras que separa o sonho do problema: para quem entra preparado, pode ser uma chance rara; para quem ignora as cláusulas, o que parecia barato pode se tornar um compromisso caro, rígido e frustrante.

No fim, o que repovoa cidades italianas não é o preço simbólico — é o compromisso real de reconstruir, cumprir prazos e respeitar as regras que vêm junto com a chave.

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Isabella Valverde

Isabella Valverde

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, com passagens por veículos como a TV Anhanguera, afiliada da TV Globo no estado. É editora do Portal 6 e especialista em SEO e mídias sociais, atuando na integração entre jornalismo de qualidade e estratégias digitais para ampliar o alcance e o engajamento das notícias.

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