Reequilíbrio econômico depende de definição da situação política, diz economista

O caminho para o reequilíbrio da economia depende da definição imediata da situação política do Brasil, disse hoje (14) a economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), Sílvia Matos. Ela explicou que com ou sem impeachment da presidente Dilma Rousseff, o país precisa de urgência na decisão.
Segundo Sílvia, independentemente de quem governar o país, será preciso promover uma mudança na política fiscal no curto prazo. “A questão do impeachment tem que sair de alguma forma, ou consolidando a mudança de governo ou de manutenção, para poder tocar uma agenda de reformas. É uma incerteza política muito alta, que perpetua ainda mais esta crise”, disse.
Entre as mudanças necessárias, a economista citou a indexação do salário mínimo e a reforma da Previdência, que considera difíceis de serem feitas por qualquer partido político. “Se não fizer essas mudanças de reformas, Previdência e tudo mais, não adianta. Em 2017, a gente vai ter déficit. A gente pode até salvar 2016, mas se não tiver mudança da estrutura de gastos, em 2017 vai ter contratado novamente um déficit”, disse.
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Sílvia Matos destacou que na situação atual ainda que o governo consiga aumentar as receitas temporárias, como a venda de ativos, isso não será suficiente, porque elas não serão definitivas. Até mesmo se conseguir o ajuste fiscal, ainda vai levar tempo para a economia voltar à normalidade. “Não quer dizer que vamos resolver todos os nossos problemas fiscais e de despesas que estão aí”, afirmou.
Para a economista, um agravamento do quadro econômico do país poderia gerar pressão sobre os parlamentares para a aprovação das reformas que o Brasil precisa. “Está faltando ao político assumir, no sentido de que se a gente não fizer esta reforma fiscal mais profunda a gente vai ter mais inflação. Não tem escolha. A dívida tem que ser paga. Alguém tem que pagar a conta ou para o bem ou para o mal. Ou toda a sociedade aceita estas reformas ou a gente vai ter inflação não só este ano, o ano que vem também. A inflação acaba sendo um pouco resultado desse desequilíbrio fiscal e macroeconômico”.
Sílvia Matos lembrou que a Grécia precisou alcançar o limite para fazer as mudanças necessárias na economia. De acordo com ela, à medida que a economia se deteriora a popularidade da classe política cai ainda mais e isso pode gerar um consenso em função da economia. “A Grécia fez reformas drásticas. Chegou ao fundo do poço. Espero que a gente não chegue até isso, mas o início de uma piora, principalmente, no mercado de trabalho, pode motivar a necessidade de um governo de coalizão”, afirmou.
A economista do FGV/Ibre disse ainda que o mercado de trabalho também é uma preocupação para 2016. Um dos motivos é que começou a ter impacto nas contratações do setor de serviços, que vinha até agora reduzindo o reflexo da queda de outros setores no nível de empregos e contratações no país.
“A indústria não se recupera, o setor de serviços não se recupera. Quem vai contratar? Então tem um processo, e a população economicamente ativa está aumentando. As pessoas, com a perda de renda, estão tendo que voltar para o mercado de trabalho. Tem uma pressão maior e é até difícil de ter aumento de rendimento expressivo no ano que vem”, explicou.
Silvia Matos falou sobre a situação econômica do país após participar do 4º Seminário de Análise Conjuntural de 2015, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, no Rio.
Agência Brasil