As crianças têm muito a nos ensinar

Carlos Henrique Carlos Henrique -
As crianças têm muito a nos ensinar

O universo infantil é de uma simplicidade que gera em nós admiração.

A forma pura e ingênua da criança de lidar com as coisas e pessoas em seu contexto é inspirador!

Bendito são aqueles que apesar de todas as responsabilidades de um adulto e dimensões em seu caminhar, não perde o padrão do bom olhar em seu caminho existencial!

Coração que se deixa contaminar contamina também os pensamentos, contamina a alma. Contamina de tal forma que se torna em uma roda de hamster viciada, que gira cada vez mais freneticamente, piorando e intumescendo as passadas e o relacionar.

Coração como de uma criança, não se deixou contaminar, nem pelos sofrimentos, pelo julgamento medíocre, nem pela ilusão do status, pelas trocas de favores, pelo preconceito, pelo surto de grandeza, nem pela síndrome de um pensamento formatado de acordo com seus interesses egoístas. Coração como de criança não se deixa vencer pelo cinismo para manter sua sanidade diante da hipocrisia.

Crianças são despojadas, não se interessam pela ignorância absurda que a maioria dos adultos acalenta em si e que os separam de outros. Criança não promove guerra, não levanta bandeiras impulsionadas pelo orgulho e vaidade. Criança não alimenta ego nem se afirma à custa de outros.

Ter o coração como de criança é saber receber o outro sem pré-conceitos, com humildade e certeza de quem se é, mas sem a obrigatoriedade de achar que outro precisa ser igual para ser aceito. Criança tem coração singelo, não sente necessidade de se mostrar exteriormente o que não corresponde em seu interior.

Criança é gente em sua forma mais pura. Criança não olha para quem está ao seu lado de cima pra baixo. Criança não sente nojo do “carinha” que recolhe o lixo de sua casa. Criança não cobiça a alegria do outro, de fato ela deseja ser feliz com todos na roda das brincadeiras.

Criança recepciona qualquer um que vier de encontro em seu caminho. Por isso sua vulnerabilidade. E talvez por isso nos tornamos adultos. Não para recriminarmos quem quer que seja, não para rotularmos aos que não tem identidade com a gente, mas para compreendermos que nem todos que estão ao nosso redor estão de fato conosco. E se os que estão ao redor não tem a mesma harmonia no coração, ficamos em paz, pois é isso que coração de criança tem a oferecer.

Amadurecemos para aprender a discernir. E esse discernimento só acontece quando mantemos nosso coração com a mesma sensibilidade do de uma criança. Amadurecemos para aceitar a si mesmo e ao outro em suas limitações. Amadurecemos para sentar com o outro, comungar sem os muros das aceitações, para que aconteça a plena comunhão sem o escarnecer costumeiro nas rodas dos perfeitos.

Amadurecemos para reconhecer com simplicidade e humildade nossos erros. Errar e consertar são coisa de criança. A humildade prevalece no coração do adulto que mesmo discernindo a maldade alheia, permanece com a bondade em si. E mesmo admitindo erros ou percebendo o erro ao redor, não se escandaliza. Seu coração é sincero, e cresce para distinguir, com efeito, o bem do mal. Coração amadurecido não se corrompe nem se deixa levar. É apenas ele, recebendo luz e nada mais.

Criança é gente. Senta-se com gente que reconhece no outro sua humanidade. Adulto desarmado, com olhar de discernimento, simples em seu sentir, no aceitar, na compreensão, sem pretensões, sem maldade travestida de piedade – esses são os que herdarão o reino.

Deniza Zucchetti é professora por vocação, quase Relações Internacionais, escritora por amor nas horas vagas e mãe de dois lindos filhos em período integral. Escreve todos os sábados.

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