Música transforma a vida de crianças e adolescentes carentes de Anápolis

"Meus filhos aprendem e ganham com melhoria na concentração e no aprendizado na escola também, além de terem boas companhias no período em que não estou em casa", comemora a mãe de um dos beneficiários

Da Redação Da Redação -
Música transforma a vida de crianças e adolescentes carentes de Anápolis

A cultura tem o poder de engrandecer e transformar vidas. O maestro Wellington José da Silva acredita nesta afirmação e investe na formação musical de crianças e adolescentes de bairros mais carentes de Anápolis. Por meio de sua atuação hoje cerca de 45 crianças e adolescentes, de 09 a 17 anos, do Jardim Arco Verde e região recebem aulas musicais e integram uma orquestra. A iniciativa tem ocupado o tempo dos estudantes com hábito saudável, evitando a ociosidade, o uso de drogas e o uso exagerado das redes sociais. E os benefícios se estendem inclusive no aprendizado escolar.

No dia 17 de dezembro o grupo, formado por músicos e cantores, se apresentou junto ao consagrado sanfoneiro José Américo, executando canções em diversos ritmos como MPB, baião, tango, bossa nova e natalinas. O show foi promovido no estande do Gran Life Medical Complex, no Centro de Anápolis, com apoio da Associação Médica de Anápolis.

Um das famílias que já sentiu o impacto positivo do projeto é a da líder de produção, Antônia Francisca Oliveira, mãe da Antônia Beatriz, de 11 anos, e de  Ruan Benício Oliveira Costa, de 09 anos. Ambos os filhos fazem parte do projeto Conviver. Moradores do Setor Sul, próximo ao Jardim Arco Verde, Antônia conta que o projeto tem sido um apoio à sua família, pois as crianças têm aulas todos os dias, de segunda a sexta-feira, no período em que não estão na escola, o que para ela é muito bom, pois trabalha fora e não queria deixar os filhos em casa sozinhos.

“O projeto Conviver foi a melhor coisa que aconteceu em nossas vidas. Meus filhos aprendem a música e ganham com melhoria na concentração e no aprendizado na escola também, além de terem boas companhias no período em que não estou em casa”, afirma a mãe.

Antônia Beatriz, tem 11 anos, faz o 6º ano do Ensino Fundamental e toca  violino. Segundo a mãe, ela é uma boa aluna na escola e dedicada também ao estudo da música. Ela começou no projeto em agosto de 2018 e já no final do mesmo ano ganhou dos organizadores do projeto um violino como prêmio por ser uma aluna exemplar. A pequena já começou a encantar os pais e ouvintes com sua sinfonia. “A primeira vez que a vi tocar, não pude segurar as lágrimas. Fico muito emocionada por ver o seu talento e desenvolvimento”, declara Antônia Francisca.

Maryana Cotrim da Costa, de 14 anos é outro exemplo. Ela também teve a vida impactada positivamente pela música e deseja seguir carreira, fazendo inclusive uma graduação na área, quando for a época. Maryana nunca tinha tido contato com instrumentos musicais clássicos e não tinha conhecimento sobre seu próprio potencial, mas sempre gostou de música. Incentivada pelos pais ela entrou no projeto Conviver e descobriu um mundo novo que a encantou tanto que hoje ela é uma incentivadora e chega a convidar outros adolescentes para participar.  “Eu incentivei meus primos e o Vitor Gabriel, que tem nove anos, já está começando a aprender a tocar o violino também”, relata.

A jovem está há cinco anos anos no projeto e toca violino. A moradora do  Jardim Arco Verde, estudante do nono ano fundamental, se diz feliz e realizada com a oportunidade que recebeu, pois contribui com seu crescimento profissional e pessoal. “Já cresci bastante não só no aprendizado musical, mas em questões pessoais como caráter, convivência. Aprendemos também princípios como ter autocontrole, paciência, dedicação, ética, responsabilidade e respeito”, acrescenta. Seu sonho é tocar em uma orquestra profissionalmente no futuro, mas já começa a se tornar realidade na Orquestra Conviver.

(Foto: Divulgação)

Transformando vidas por meio da música

O maestro José Wellington destaca a importância do trabalho que tem o objetivo de contribuir com o desenvolvimento educacional e social dos beneficiários, oferecendo uma opção que os tire de situação de risco social. “Nosso projeto tem um cunho educacional e social, pois não queremos nossos jovens nas ruas, então, temos toda uma infraestrutura para ficar com eles a parte do dia em que não estão na escola”, explica.

Os alunos contam com aulas de instrumentos como violino; viola clássica; violoncelo; baixo acústico; flauta transversal;  trompete e saxofone em três categorias, soprano, alto e tenor. “Além da música, ensinamos princípios de boa convivência como autogoverno e honestidade”, acrescenta Silva.

Formado em Música pela Universidade Federal de Goiás (UFG), o maestro conta que iniciou o projeto em 2010 e até o ano passado atendia cerca de 200 jovens, em mais três locais de Anápolis – Bairro de Lourdes, Bom Clima e nos Bombeiros Mirins, pois a associação Conviver, que coordena o projeto, tinha o apoio econômico da gestão municipal. “Como neste ano não tivemos verba pública, eu mesmo assumi o projeto e contratei mais dois professores remunerados com meus recursos para continuar com as aulas, mas ficamos somente com um grupo no Arco Verde”.

Wellington conta que muitos ex-alunos já concluíram o curso e estão trabalhando em orquestras, bandas de serviço militar e outros grupos que atuam em eventos como casamento e formaturas. No momento, segundo ele, a organização precisa de professores voluntários e está aberta a toda a ajuda da sociedade para manter e expandir seu atendimento às crianças.

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