‘Minha filha está presa para o resto da vida’, diz mãe de vítima de atirador do Colégio Goyases

Adolescente ficou paraplégica e família sabe que, após ser liberado do CASE de Anápolis, vida do garoto voltará ao normal

Rafaella Soares Rafaella Soares -

Isadora de Morais, de 16 anos, desde quinta-feira (14) está passando por momentos de muita angústia, medo e incredulidade.

Paraplégica, ela é uma das vítimas do adolescente que em outubro de 2017 atirou contra colegas de sala, no Colégio Goyases, em Goiânia, e que foi colocado em liberdade antes do cumprimento total da pena de três anos.

A família soube da liberação do garoto do CASE de Anápolis através de publicação veiculada com exclusividade pela Seção Rápidas do Portal 6. A partir daí, a sensação de todos é que todo o desespero daquele dia voltou à tona.

“Foi um choque para todo mundo. A Isadora entrou em pânico, como se vivenciasse tudo que aconteceu naquele dia de novo. Ela tem medo dele desde antes e agora muito mais. Eu senti uma mistura de raiva com impunidade. Esses adolescentes tem certeza da impunidade e ver minha filha chorando ontem me deu raiva”, contou Isabel Rosa, mãe da adolescente, em conversa com o Portal 6 nesta sexta-feira (15).

“É uma vergonha dizer que uma pessoa que matou dois, deixou uma paraplégica, atirou em outros tantos e deixou 30 e tantas crianças com problemas psicológicos [pegou apenas três anos de pena]. Não pode mostrar a cara porque constrange, não pode falar o nome porque constrange, mas o que ele fez para as famílias não é constrangedor? A vida dele vai voltar ao normal, mas minha filha está presa em uma cadeira de rodas para resto da vida. É muito injusto”, acrescentou, emocionada.

O massacre no colégio completa dois anos e sete meses no próximo dia 20 de maio e, de acordo com Isabel, a família só conseguiu permanecer em pé porque foi ajudada por amigos, familiares e pessoas desconhecidas que se mobilizaram com a história.

“Não tivemos até hoje nenhuma ajuda nem de escola, nem da família do menino, nem nada. Pessoal por aí diz que vida que segue e é verdade, mas para nós está seguindo de uma forma tão difícil e tão diferente daquilo que estava proposto. Nos sonhos da Isadora não tinha uma cadeiras de roda. Nos sonhos dela não tinha uma paraplegia”, disse.

A casa da família também precisou ser completamente reestruturada para se tornar acessível à adolescente. Ela, antes livre, também se tornou dependente da mãe.

“Ela sente muitas dores e teve que passar por uma cirurgia de coluna que jamais faria se não fosse por esse ato inconsequente desse garoto delinquente. Nossas vidas mudaram muito, não dá nem pra mensurar. Só que vivenciou algo parecido é que consegue entender”, relatou Isabel

Por meio das redes sociais, Isadora também fez um desabafo. Com cara de choro e voz embargada, ela comentou que os três anos de pena já eram muito poucos para o adolescente pagar pelo fez e nem isto ele cumpriu.

“Quem me deixou nesta situação foi solto. Acontece que ele vai ficar tendo uma vida normal e a gente aqui preso pra sempre naquele 2017, numa cadeira de rodas. É muito difícil saber que nem a pena, que era de três anos e muito pouco pelo que ele fez, ele não cumpriu. Imagina as mães que perderam seus filhos. Imagina a cabeça dos meus colegas”.

No atentado, morreram João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, de 13 anos. Ficaram feridos, além de Isadora, Hyago Marques, Lara Fleury Borges e Marcela Macedo, todos com idades entre 13 e 14 anos na época.

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