Empresária de Anápolis teme ser morta pelo ex após ser espancada com martelo

Juiz não concedeu medida protetiva e, estupefatos, advogados da vítima já recorreram ao TJGO

Denilson Boaventura Denilson Boaventura -

“Eu jurava que fazendo tudo certinho, fazendo o corpo de delito, fazendo tudo, fazendo o pedido, alguma coisa ia ser feita”. O desabafo em vídeo publicado no Instagram é da empresária Mayana Bispo Ferreira, de 28 anos, proprietária de uma loja de calçados no Centro de Anápolis.

Ele foi publicado por ela nesta quinta-feira (13) após ter descoberto que não terá medidas protetivas contra o ex-companheiro Délio Alves Sobrinho, de 51 anos, que a agrediu. A ação violenta ocorreu na última quarta-feira (12), ainda de manhã.

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Mayana, conforme boletim de ocorrência feito na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), havia acabado de abrir a loja quando foi surpreendia por Délio, que portava um martelo. De forma transtornada, ele usou a arma branca contra a vítima alegando que ela teria feito contas em um cartão de crédito.

O homem, de acordo com o registro, ainda pegou o dinheiro de pagar os fornecedores da loja e ateou fogo em parte dele. A Patrulha Maria da Penha foi acionada por alguém próximo do local que percebeu a situação. Por ter uma filha pequena com Délio, Mayana optou no momento por não representar criminalmente contra ele.

A empresária, no entanto, solicitou exame de lesão corporal na DEAM e as medidas protetivas contra o ex-companheiro. O laudo emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) comprovou as escoriações provocadas por Délio. Mas o Juizado de Violência Doméstica contra a Mulher não aceitou dar a proteção à Mayana.

Na decisão, o juiz José de Bessa Carvalho Filho entendeu que o caso não se trata de violência de gênero. “Verifica-se que a suposta violência empregada pelo requerido em desfavor da vítima decorreu tão somente em virtude de desavenças oriundas do estabelecimento empresarial que ambos possuem em conjunto”, apontou. Veja a íntegra.

Com medo de Délio, Mayana não pôde trabalhar nesta quinta-feira (13). “Como se nada tivesse acontecido, ele foi hoje para loja. Cheguei a chamar a Polícia, mas eles nada puderam fazer”, narrou a empresária em conversa com o Portal 6. A reportagem não conseguiu contatar Délio.

Os advogados de Mayana já entraram com recurso junto ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). Ela teme pela própria vida e enquanto aguarda uma nova decisão se ampara no apoio que tem recebido de outras mulheres nas redes sociais.

Luciana Sinzimbra, advogada anapolina que ganhou notoriedade nacional após o caso em que foi agredida pelo ex-namorado Victor Junqueira, é uma delas. “A violência não acaba com a denúncia, infelizmente a mulher depois da agressão precisa lutar muito para ver o direito dela ser validado”, afirmou em stories do Instagram.

“Isso é só uma pequena amostra do que uma mulher passa para denunciar uma violência doméstica. Uma mulher não fica em uma relação abusiva porque ela gosta, é porque ela não tem proteção”, completou Luciana, destacando estar estarrecida com a situação de Mayana.

(Reprodução/Instagram)

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