Alegando ser violentada pelo padrasto desde os 7 anos, jovem de Anápolis tomou dura decisão
Caso já está sendo investigado pela Delegacia da Mulher e polícia quer encontrar suspeito
O histórico de violência sofrida pela menina de dez anos que engravidou do tio no Espírito Santo (e foi autorizada pela Justiça a realizar um aborto) mexeu com uma jovem de Anápolis, que decidiu não sofrer mais calada.
Ela, que tem 21 anos, fugiu da chácara que morava até a última segunda-feira (24) e buscou ajuda da Patrulha Maria da Penha, que a resgatou em uma estrada vicinal da Vila São Vicente, bairro conhecido Igrejinha e que fica no extremo Sul da cidade.
À equipe da Polícia Militar (PM), a jovem contou ser vítima de abusos sexuais e psicológicos por parte padrasto, de 46 anos. O homem, sabendo da denúncia, conseguiu fugir por uma mata fechada e ainda não foi localizado. A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) já investiga o caso.
Violentada desde os sete
Em entrevista exclusiva ao Portal 6, a jovem, que não terá a identidade revelada pela reportagem, narrou que a família começou a ser caseira da chácara onde morava desde quando ela tinha quatro anos e recorda que os estupros começaram aos sete anos. Segundo ela, no início, os abusos ocorriam com ela desacordada.
“Minha infância foi um inferno. Eu não tive nem o direito de ser criança. No início dos abusos ele me dopava e eu não via nada, só acordava no outro dia sentindo muita dor. Eu era proibida de ter amizades, de ficar perto de parentes. Ele nunca me deixou ter namorado para eu nunca poder contar com a proteção de um homem”, contou.
“[Parou de me dopar] quando eu tinha 12 anos. A partir daí foi ficando casa vez mais violento. Ele arrumou um emprego para o meu irmão e tirou ele de casa. Daí minha mãe que era dopada, dormia e nessa hora ele agia. Eu já entendia o que estava acontecendo e acho que isso foi o pior. Não existe algo mais doloroso que sofrer em silêncio”.
Ameaçada de falar
Ao longo de todos os anos, segundo a jovem, ela sofreu várias ameaças de morte para não contar para ninguém sobre o que acontecia. O mesmo se repetiu esta semana, quando teve coragem de se abrir para a mãe.
“Sempre tive muito medo dele, mas alguém tem que parar esse monstro. Nunca falei para ninguém, sofri em silêncio até anteontem, quando falei para minha mãe. Daí ele falou que ia me matar, entrei em pânico e liguei para a polícia. Ele prometeu ir atrás de toda minha família, mas depois de tudo que passei, vi que não dava mais. Precisava denunciar”, afirmou.
Recomeço e espera por Justiça
Mãe e filha preferiram não ser levadas para um abrigo, mas seguem hospedadas na casa de um parente até que o suspeito seja localizado pela polícia.
“Agora, ninguém sabe onde ele está. Ele é muito perigoso, tenho medo do pior acontecer comigo e com a minha família. Tudo que eu quero é que seja preso logo para não fazer maldades com mais ninguém”, disse a vítima.