Conheça a anapolina, que, mesmo sendo trans, chegou ao tradicional Miss Brasil

"Sei que vai abrir portas e inspirar muitos jovens. Olhem só onde eu cheguei: no inimaginável", afirmou a modelo

Rafaella Soares Rafaella Soares -
Conheça a anapolina, que, mesmo sendo trans, chegou ao tradicional Miss Brasil

Moradora de Anápolis, a modelo Rayka Vieira, de 25 anos, será a primeira mulher trans a participar de um concurso nacional de beleza no Brasil.

Em entrevista à Folha de São Paulo, a anapolina contou que começou a lutar pelo sonho de ser Miss há dois anos, quando foi demitida da empresa em que trabalhava no município.

“Eu me sinto cobrada até por mim mesma, para ser a melhor sempre e para me sobressair em tudo, pois as
oportunidades não são iguais a todas as mulheres. Já perdi muitos empregos e já fui humilhada em
hospitais públicos ao ser atendida’’, relatou.

De acordo com Rayka, que já conquistou o título de Miss Centro Goiano CNB, a competição estava prevista para o final de outubro, mas foi adiada para março de 2021 devido à pandemia do novo coronavírus.

Enquanto isso, ela continuará se preparando para conquistar a coroa do Miss Brasil Mundo, que assim como outros concursos, foi desenhado inicialmente apenas para mulheres cisgênero.

“Muitas meninas trans, assim como eu, têm medo de se arriscar. É uma oportunidade que eu não tinha
noção de que poderia existir. Estou aqui para mostrar que é possível. Não quero ser só mais uma miss, e sim mostrar que nós, mulheres em geral, não precisamos provar que temos algo mais que beleza. Somos inteligentes, fortes, guerreiras, trabalhadoras e humanas acima de tudo”, afirmou.

“Era um sonho que parecia tão distante. Nunca achei que seria possível realizá-lo. Ainda estou encantada com tudo isso. A ficha de que estarei em um dos maiores concursos de miss do país está caindo aos poucos. Hoje sei que isso é totalmente possível e é um marco histórico para nós, mulheres trans. Me orgulho de ser pioneira no
Miss Brasil Mundo”, acrescentou.

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Transição

Na entrevista, Rayka contou que desde pequena se encantava por roupas e sapatos femininos e sempre chorava em frente ao espelho quando tinha de cortar o cabelo.

Quando completou 15 anos já não suportava viver com a identidade com a qual havia nascido e se assumiu para começar a transição de gênero.

Rayka tem uma irmã que também é transexual e as duas sempre foram bem aceitas e respeitadas pela família.

“Agradeço a Deus todos os dias por eles, pois sem minha família eu não sei onde estaria. Talvez, o meu destino fosse o mesmo de muitos outros adolescentes que conhecemos, que são expulsos de casa e ficam sem família, sem emprego, às vezes sem ter o que comer”, relatou.

Agora, o objetivo da modelo é servir de exemplo para que outras pessoas não desistam de fazer aquilo que sonham.

“Você pode ser tudo o que quiser. Abrace as oportunidades que a vida trouxer, assim como eu estou fazendo. Sei que isso vai abrir portas e inspirar muitos jovens. Acho que vale muito a pena, afinal, olhem só onde eu cheguei: no inimaginável.”

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