Docentes como antes da pandemia não vão existir mais
Ao atravessarmos o pior momento da história recente em meio a mortes, traumas e crise social, a pandemia nos mostra uma lição fundamental e nos provoca uma reflexão
O cenário atual provocou mudanças em diversos contextos produtivos, sociais e organizacionais. Todas essas alterações possuem impactos emocionais, financeiros e de comportamento atingindo diretamente a sociedade.
Pessoas passaram a trabalhar em suas casas, os pais assumiram parte da responsabilidade sobre a execução das aulas de seus filhos e muitos se viram perdidos em meio a essa nova forma de construir educação. O papel dos professores nunca foi tão colocado em evidência e sua relevância para a construção da aprendizagem.
A inserção abrupta de diversas tecnologias acelerou a utilização de novas ferramentas e metodologias de ensino e mais uma vez docentes foram colocados a prova. As mudanças no cenário educacional nunca foram tão rápidas. Editar, montar, postar, clicar, alimentar site, blog, plataformas, aplicativos, novos formatos de aula e de relação entre professores e alunos.
Se retornaremos ao modelo tradicional de escola? Os especialistas têm afirmado que o fazer docente antes da pandemia não existe mais. Não há como fugir do avanço tecnológico e isso irá impactar a formação inicial de professores em todo o país. Precisamos urgentemente rever nossos cursos de licenciatura. Os investimentos em formação continuada também me mostram necessários, bem como o fornecimento de recursos e capacitações para os desafios educacionais pós pandemia, ou seguiremos com professores utilizando internet, computador e celular pessoal para produção de conteúdo?
Ao atravessarmos o pior momento da história recente em meio a mortes, traumas e crise social, a pandemia nos mostra uma lição fundamental e nos provoca uma reflexão sobre o fazer docente e sua relevância para a construção da educação e da cidadania: o trabalho do professor vale muito e ser professor ainda vale a pena!
Contudo, o poder público e a sociedade civil precisam repensar o protagonismo dessa profissão e sua real valorização, o que atinge quesitos monetários e sociais. Ao professor, cabe mais uma vez reinventar-se, dominar novas formas de construir conhecimento, novos códigos para relacionar-se e novas condutas para uma geração que está nascendo.
Marcos Carvalho é professor, psicólogo e servidor público federal. Atualmente vereador em Anápolis pelo Partido dos Trabalhadores. Escreve todas as terças-feiras. Siga-o no Instagram.