Ciclistas continuarão morrendo se não tiverem onde pedalar em segurança e só há um caminho
Já compartilhei nesse espaço os fatores que me motivam e impulsionam a manter hábitos de vida saudáveis. Fatores que me fizeram perder mais de 20 quilos, em quatro meses. Uma dessas estratégias são as atividades físicas.
Há poucos dias, resolvi ir ao trabalho usando uma bicicleta. A distância de ida e volta do percurso foi de 30 km. Foi uma experiência saudável, mas extremamente perigosa pois nossa cidade, estado e país não estão preparados para proteger os ciclistas. Não dão condições de trafegabilidade, e ainda com cidadãos sem consciência no trânsito.
Digo isso com exemplos reais de acidentados vivos que atendemos nos hospitais, e também vítimas fatais como a do jovem ciclista anapolino, de 40 anos, que teve um trágico acidente e foi sepultado hoje aqui na cidade.
Soa estranho mas acredito que as bicicletas serão o meio de transporte do futuro. Na Holanda, 90% das pessoas usam para lazer ou trabalho. Na Alemanha, 80%. Na Dinamarca, de 10 pessoas, 7 utilizam. São países desenvolvidos e usando locomoção mais sustentável, saudável e econômica.
No Brasil, a cidade com a maior malha cicloviária é São Paulo, com apenas 3% das ruas e avenidas representando 680 km de extensão. Em Anápolis, são aproximadamente 12 km. Daí mortes como a de ontem acontecem em rodovias já que se torna a alternativa para o treinamento e exercícios dos amantes da bike.
A discussão e execução de políticas públicas inclui o Plano de Mobilidade Urbana que tem previsão de se tornar realidade aqui na cidade em 2022. Será discutido com a sociedade em audiências públicas, aprovado no Legislativo e então sancionado e executado. Nesse projeto estrutural, estará o Plano Cicloviário.
Que isso ocorra com celeridade, porque não estamos tratando só de transporte, vida saudável e economia. Em jogo, está a morte de quem usa bicicleta para o lazer ou trabalho.
José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo PSB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.
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