Chega de narrativas! Vamos cuidar do nosso povo e não perder mais nenhuma vida
Um trabalho inédito realizado pela Associação Médica Brasileira, em parceria com Associação Paulista de Medicina, foi publicado esta semana.
Ele foi realizado entre os dias 21 e 31 de janeiro deste ano, com a participação de 3.517 médicos de todo país, sendo que a metade desses profissionais trabalham na linha de frente de combate ao novo coronavírus.
Um dos resultados deste estudo foi que, a cada 10 médicos 09 foram acometidos com a nova onda de COVID, provocada pela Omicron nos últimos dois meses.
E em Goiás? E em Anápolis? Não tenho dados precisos, mas quero falar sobre a equipe de cirurgia cardíaca comandada pelo Dr. Walter Vosgrau aqui na cidade.
Após sete meses de paralisação das cirurgias, a equipe — que conta neste momento com seis integrantes — voltou a operar. Cinco deles, que representa 83%, teve de se afastar sendo em sua maioria contaminados com o novo coronavírus. Foi por essa razão que passamos duas semanas sem termos cirurgias cardíacas em Anápolis, aumentando a dúvida da população e a preocupação dos envolvidos.
Com a equipe tratada e recuperada, os procedimentos foram retomados e logo surgiu na mídia a “notícia” de que o Governo Federal estava reduzindo os valores dos repasses financeiros, inviabilizando novamente as cirurgias.
Que saga a dos pacientes, que vivem se alternando num mix diário de esperança e frustração!
Ao tomarmos ciência, fomos no dia seguinte a Brasília ouvir da cúpula do Ministério da Saúde (MS) a verdade por trás disso. A Portaria existe, mas não está em vigência.
Ela veio não para inviabilizar as cirurgias e delegar aos governadores e prefeitos a responsabilidade do serviço. Na verdade, a Portaria serve para regulamentar os preços praticados em alguns itens que são comercializados no mercado a preços até 70% menores do que o SUS paga.
Segundo os executivos do MS, o objetivo é melhorar a gestão, utilizando as verbas corretamente com base em compliance (normas legais).
Resumindo: as cirurgias cardíacas e procedimentos podem sim ocorrer normalmente. Será pago os valores que os fornecedores já praticavam e os prestadores já atendiam.
Ou seja, não há amarras do ponto de vista financeiro. Por isso, vamos cuidar do nosso povo mesmo até em surto dessa cepa da Omicron. E chega de narrativa! É isso!
José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo PSB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.
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