Goiano é o primeiro sul-americano amputado a chegar até a base do Monte Everest
"Eu senti que eu representei todos os amputados que sente que naquele momento da vida não vão conseguir alcançar aquilo que eles querem", conta João Carlos Rodovalho Costa
“Um misto de emoção”. Foi com essas palavras que João Carlos Rodovalho Costa, de 38 anos, definiu a experiência vivenciada por ele na Ásia. O goiano foi o primeiro sul-americano amputado a chegar até a base do Monte Everest, montanha localizado na fronteira entre Nepal e Tibete.
Ao Portal 6, o alpinista revelou que a ideia para vivenciar a experiência partiu do relato de um amigo sobre a ida ao lugar.”Desde que eu fiz uma corrida de muleta de 9 km em 2015 eu procurava algo que me desafiasse. Ai eu vi um amigo meu indo para o Everest e pensei que era um bom desafio para eu sair da minha zona de conforto”.
No entanto, o preparo para a caminhada foi mais um obstáculo enfrentado por ele. Apesar de malhar há sete anos e ter sido atleta de natação por 14, o esportista teve que se preparar durante dois anos para a aventura.
“Já tem sete anos que eu treino crossfit, mas isso pra mim é uma zona de conforto. Agora, caminhar várias horas por dia na altitude durante diversos dias seguidos, me exigiu um novo tipo de treinamento e tive que mudar totalmente o foco dos meu treinos”, relata.
O passeio aconteceu no dia 08 de abril e levou, ao todo, cinco dias de caminhada e mais dois de aclimação (técnica utilizada para ajudar o organismo humano a se adaptar as mudanças físicas).
“Caminhávamos em torno de seis horas por dia. Saímos de 2800 m e fomos até 5.364m. Uma parte bem difícil foi uma subida que tivemos que fazer que era de 400 m. Foi algo bastante exaustivo, mas não tive medo”, diz.
“Durante o trajeto foi muito difícil, principalmente porque o terreno tem muitas decida e é irregular. Tem muita pedra no caminho e temos que desviar delas o tempo todo e a caminhada não rende tanto assim e isso acaba desgastando muito” completa.
A perda da perna aconteceu por conta de um câncer descoberto em 2001, quando o rapaz estava prestes a completar 18 anos de idade.
“Tive câncer cinco vezes após a amputação. A segunda vez em 2005 quando precisei fazer transplante de medula, depois 2009, 2010 e o último foi em 2016”, explica.
Mas nada disso foi capaz de impedir João de prosseguir com o objetivo. De acordo com ele, o sentimento sentido após a conclusão do trajeto é de gratidão.
“O projeto é muito desafiador. É até difícil de descrever em palavras tudo aquilo que eu senti. O sentimento é de felicidade e gratidão de ter concluído algo tão grande assim”, desabafa.
“Eu senti que eu representei todos os amputados que sente que naquele momento da vida não vão conseguir alcançar aquilo que eles querem”, realça.
Segundo ele, novas metas e viagens devem ser feitas por ele muito em breve. “Pretendo realizar novas excursões muito em breve. Só estou esperando o Carlos, que é o meu guia, voltar para botar em prática os planos”, explica.