MST ocupa terra que foi utilizada como cativeiro para tráfico internacional de mulheres em Goiás

Esquema foi desmantelado em 2009 e, desde 2016, local se tornou patrimônio da União em 2016

Samuel Leão Samuel Leão -
MST ocupa terra que foi utilizada como cativeiro para tráfico internacional de mulheres em Goiás
MST ocupa fazenda onde antes funcionava operação de tráfico e exploração sexual de mulheres, em Hidrolândia. (Foto: Divulgação/MST)

Uma fazenda em Hidrolândia, região Central de Goiás foi ocupada por Integrantes femininas do Movimento Sem Terra (MST),  na madrugada deste sábado (25). São cerca de 600 mulheres que estão no local reivindicando que o espaço seja transformado em assentamento.  A ação integrou um pacote de iniciativas do grupo para o mês da mulher.

O terreno não foi escolhido por acaso. Isso porque até 2009, a Fazenda São Lukas era abrigada por  uma quadrilha internacional que utilizava o local para aprisionar dezenas de mulheres, muitas delas adolescentes, que posteriormente eram traficadas para a Suíça e submetidas a exploração sexual.

Muitas delas eram oriundas de municípios como Anápolis, Goiânia e Trindade. O grupo chegou a ser listado pela Interpol como foragidos internacionais.

O esquema foi mantido por 03 anos e a quadrilha, composta por 18 pessoas, foi condenada em 2009. O imóvel se tornou patrimônio da União em 2016.

A intenção é transformar o lugar, onde antes elas eram abusadas e exploradas, em moradia e fonte de alimento para centenas de mulheres. A ação integrou a chamada “Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra”, que ocorreu em 23 estados do Brasil e em Zâmbia, na África.

O grupo justifica a atitude, afirmando que, segundo o Instituto de Pesquisas Econômica Aplicadas (IPEA), os casos de feminicídio aumentaram 121,4% em Goiás, entre 2019 e 2022. Em 2021 foram registradas 322 ocorrências de estupro e mais de 15 mil ameaças contra mulheres.

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