Quatro entidades de Educação entram com processo contra demissão de professora em Aparecida de Goiânia
Desligamento aconteceu após parlamentar criticar profissional nas redes sociais por frase contida na camiseta que ela usava
O caso sobre a professora de história da arte do colégio Expressão, em Aparecida de Goiânia, demitida após o deputado federal Gustavo Gayer (PL) criticá-la na web por usar uma camiseta com a frase ‘seja marginal, seja herói’ ganhou novo desdobramento.
Quatro entidades ligadas à área da educação entraram com um processo na Justiça pedindo uma indenização de, no mínimo, R$ 30 mil por danos morais e a exclusão das postagens do parlamentar – além de uma série de outras ações protocoladas.
O desligamento da funcionária aconteceu na quinta-feira (04), após o apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgar uma montagem com uma legenda falsa escrita “professora de história com look petista em sala de aula”, o que ocasionou no desligamento da profissional.
Após a postagem, entraram na Justiça as entidades: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sindipro), Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino do Brasil Central (Fitrae-BC) e Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás (Sintego).
As ações protocoladas pelos órgãos pedem a suspensão da página do Instituto Nossos filhos – plataforma que Gayer utiliza para que os apoiadores denunciem os professores por “doutrinação” -, que o deputado não publique mais qualquer conteúdo midiático que possa colocar em risco à integridade física, moral ou econômica dos professores, o cancelamento da conta do parlamentar nas redes sociais e um vídeo de retratação à professora.
Além disso, os processos também requerem a proibição de Gustavo no que diz respeito a realização de eventos ou incitação à perseguição a professores que, na opinião dele, estejam realizando “doutrinação de esquerda” e o envio da denúncia até o Supremo Tribunal Federal (STF) para inserir a ação no Inquérito das Fake News e nos inquéritos que estão apurando a conduta antiética do deputado.
Em entrevista ao G1, a professora afirmou que a camiseta utilizada fazia referência a uma obra de arte de Hélio Oticica e feita por um amigo. Ao postar a imagem nas redes sociais apenas marcou o estabelecimento do colega para divulgar a vestimenta.
“Minhas camisetas de obras de arte são feitas por um amigo e na foto eu literalmente só marquei a loja [para divulgação]. A obra é vermelha, por isso a camiseta é vermelha. Não há associação política alguma”, explicou.