É de partir o coração o relato de anapolinos que tiveram familiares mortos por bêbados ao volante
Quantidade de motoristas flagrados nessa condição não para de crescer e 135 prisões já foram realizadas em operações da DICT na cidade, apenas em 2023
Acidentes de trânsito são acontecimentos que podem mudar para sempre o destino de famílias, ainda mais quando cercados por condições que poderiam ser facilmente evitadas.
O maior exemplo disso é a embriaguez ao volante, causa de grande parte das tragédias nas ruas. A temática ganha um significado ainda mais relevante durante esta semana, em que se completa 15 anos desde a implementação da Lei Seca, que endureceu as normas acerca do consumo de álcool.
Em Anápolis, apenas neste ano de 2023, um total de 135 motoristas foram presos em operações da Delegacia Especializada em Investigação de Crime de Trânsito (DICT), por estarem dirigindo após a ingestão de bebidas alcóolicas.
Vale ressaltar que, para configurar crime e resultar na prisão, os condutores precisam apresentar um valor acima de 0,33 mL/L no teste do bafômetro.
Em entrevista ao Portal 6, o delegado titular da DICT, Manoel Vanderic, apontou o crime de trânsito como o tipo que mais traz consequências para entes queridos e amigos.
“Nesse sentido, considero pior até que homicídios por arma branca ou de fogo. Na grande maioria, esses casos são praticados por dívidas de drogas, agiotagem ou crimes passionais, então já existe um vínculo prévio com a vítima, que em muitos casos teve a possibilidade de defesa, fuga ou denúncia”, argumentou.
“Já no trânsito, a vítimas são crianças, jovens, idosos, pessoas que não têm a menor condição de reação. São pessoas que começam o dia tomando café da manhã com a família e terminam em um caixão, e esse é o perfil mais traumático que existe”, completou o delegado.
Essa linha de pensamento foi amparada por Thiago Moreira, filho de Marlon Régis Santana, vítima de um dos acidentes mais impactantes e lembrados no município, ocorrido ainda em 2019.
Na ocasião, um empresário bêbado atingiu o carro da esposa da vítima, que o jogou para dentro da farmácia onde trabalhava como entregador. Além da fatalidade, a colisão quase matou também a companheira de Marlon, que tem sequelas do acidente até os dias de hoje.
Ao Portal 6, Thiago detalhou que as consequências da tragédia do dia 24 de fevereiro de 2019 ainda são sentidas pela família.
“Meses e anos se passaram, minha mãe entrou em depressão. Meus dois irmãos tiveram que passar por acompanhamento psiquiátrico, não conseguem dormir à noite. Meu pai era tudo para gente, todos dependíamos dele, financeira e emocionalmente”, disse.
“A gente tenta viver um dia após o outro, mas a saudade e a dor não passam. Fica um vazio na nossa casa, porque simplesmente arrancaram ele da gente, da forma mais brutal possível”, desabafou.
Michelle Pires foi outra ouvida pela reportagem. Em 2020, ela perdeu o filho Emanuel Felipe Pires, de apenas 15 anos, também para a embriaguez ao volante.
O crime aconteceu em outubro, quando o empresário Christiano Mamedio cruzou a Avenida Brasil Sul em alta velocidade e sob a influência do álcool, atingindo o veículo que levava Emanuel e o jovem Eurípedes Tomé da Costa, de 26 anos.
“O mundo não para, ele não espera você recuperar. As crises e as dificuldades aparecem e, muitas das vezes, é apenas a busca por justiça que te mantém seguindo em frente”, disse ela.
Um relato igualmente emocionante foi dado por Glaucia Machado, mãe de Matheus Machado Reis, vítima de um acidente fatal ocorrido em setembro de 2020, quando um motorista realizou uma manobra proibida e acertou o jovem garoto, de 19 anos, sem nem prestar socorro.
“Tudo aconteceu um dia antes do meu aniversário e foi como se eu tivesse sido enterrada junto com ele, mudou a minha vida para sempre”.
“Peço que todos tenham mais responsabilidade no trânsito, que todos tenham amor à vida. Hoje foi meu Matheus, amanhã pode ser algum parente de vocês. Tenham consciência e não bebam antes de dirigir. É tudo que eu peço”, rogou.