Mesmo com doadores voluntários, jovem de 23 anos não consegue marcar cirurgia de transplante em Anápolis

"Já tenho três parentes compatíveis e que aceitaram doar, mas mesmo assim me colocam na fila desde o começo", desabafou a anapolina

Davi Galvão Davi Galvão -
Mesmo com doadores voluntários, jovem de 23 anos não consegue marcar cirurgia de transplante em Anápolis
Jovem tem 23 anos e é natural de Anápolis. (Foto: Acervo Pessoal)

Após muita luta e espera para finalmente conseguir realizar os procedimentos de hemodiálise em Anápolis, Jullyane Aguiar Silva, de 23 anos, agora enfrenta um novo problema, que mais uma vez se arrasta em meio à burocracia.

Isso porque há anos a anapolina vem sofrendo de uma infecção generalizada, que paralisou ambos os rins, tendo sido este o motivo pelo qual, após 15 anos morando em outro estado, retornou para a cidade natal, onde parentes se disponibilizaram a doar o órgão.

Após muito embate com o município para finalmente ter acesso às sessões básicas de hemodiálise, necessárias até realizar o transplante, Jullyane permanece em uma situação complicada, pois mesmo com doadores voluntários, não consegue sequer marcar uma consulta.

“Eu tenho três parentes que são compatíveis e se disponibilizaram e mesmo assim quando eu vou lá para tentar marcar a consulta, eles me colocam na fila e não dão nem previsão de atendimento”, confessou a jovem, em entrevista ao Portal 6.

A anapolina chegou a ir novamente na Regulação na tarde desta quinta-feira (16), mas tal qual a última vez, há cerca de uma semana, voltou para casa sem uma data definida.

“Eu entendo que a fila é importante pra quando as pessoas estão esperando um doador, e realmente não tem o que fazer, mas eu já tenho esse problema resolvido, qual a dificuldade de só marcar uma consulta?”, indagou.

Além disso, ela denuncia outra grave situação pela qual vem passando. Devido ao comprometimento dos rins, foi orientada pela equipe médica a realizar transfusões de sangue. Porém, como ela mesma afirma, apesar de ter o laudo médico em mãos, não consegue realizar este simples procedimento através do município.

“Uma bolsa de sangue no particular é muito cara, mas eles [funcionários da rede pública] falam que não podem ceder as bolsas por conta de uma restrição com o convênio da Prefeitura, e que o meu caso não é contemplado. Mas como não é contemplado se foi a própria médica que falou que eu preciso fazer?”, perguntou, mais uma vez.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) para tentar esclarecer os fatos e obter essas respostas, tanto quanto a fila de espera quanto em relação às transfusões de sangue, porém não obteve retorno em tempo hábil. O espaço segue em aberto.

Em tempo

Jullyane desenvolveu a infecção generalizada nos rins durante a última gravidez pela qual passou. A neném nasceu com oito meses, através de uma cesárea. Atualmente, com três anos de idade, passa bem.

A mãe, entretanto, logo após o parto, consultou um especialista, que consultou a lesão e insuficiência renal.

Após anos de batalha, veio a notícia de que familiares de Anápolis, cidade na qual nasceu, estariam dispostos a doar o órgão para ela. Foi então que retornou ao município, na esperança de realizar a operação de seguir com a vida.

Chegando na cidade, porém, foi surpreendida pela incapacidade de fazer hemodiálise – procedimento vital para que ela pudesse sobreviver.

“Fui até a UPA, mas disseram que não podiam fazer nada e eu devia ir no postinho da minha região, lá no Jardim Arco Verde. Estive lá na regulação, mas simplesmente disseram que não tinha vaga”, destacou.

A situação se agravou ao ponto de que, em março deste ano, foi constatada a falência renal.

A situação só ganhou um sopro de esperança após um vídeo dela suplicando pelo tratamento de hemodiálise viralizar na internet e a imprensa passar a repercutir o assunto.

Durante esse meio-tempo, Jullyane e a família se viram obrigados a realizar vaquinhas online para que pudessem custear as sessões de forma particular, em Goiânia, ainda que apenas uma vez na semana – sendo que o mínimo recomendado seriam três – para que pudesse se manter viva.

Foi só aí que a Prefeitura de Anápolis, que antes lhe negava atendimento, anunciou a inclusão da jovem no grupo de pacientes atendidos pelo município.

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