‘O que mais vou fazer aos 56 anos e com câncer?’, questiona comerciante que foi obrigada a abandonar lanchonete

Neura Ribeiro trabalha há 26 anos no mesmo local e tem até a próxima segunda-feira (18) para se retirar

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
‘O que mais vou fazer aos 56 anos e com câncer?’, questiona comerciante que foi obrigada a abandonar lanchonete
Neura luta contra o câncer há 6 anos (Foto: Reprodução/Redes sociais)

“A gente quer trabalhar, eu preciso trabalhar.” Este é o pedido de Neura Ribeiro Pereira, a proprietária de um ponto de lanche em frente ao Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), em Goiânia. Ela, que luta contra o câncer há 6 anos, foi notificada que precisaria se retirar do local onde fica o ganha-pão há 26 anos até a próxima segunda-feira (18).

“Fomos notificados pela prefeitura, a pedido da OSs (Organização Social de Saúde) IdTech, organização que administra o Hospital HGG, com remoção do nosso lanche”, destacou a comerciante em um cartaz exposto na lanchonete.

Ao Portal 6, Neura explicou que acionou o Ministério Público de Goiás (MP-GO) há 11 anos, período em que relata sofrer pressão diária para se retirar.

De acordo com a goiana, o IdTech tem como desejo retirar os comerciantes dos arredores do hospital para “deixar mais bonito”. A comerciante afirma que a ordem de retirada se baseia na determinação do Código de Posturas de Goiânia de que não se pode ter lanchonetes fronteiriças com hospitais.

Porém, Neura destaca que não se encaixa na determinação, válida a partir de 1995, por ter a banca registrada desde 1973, situação em que caberia a regularização. “Estamos abertos ao diálogo, desde que não seja a remoção do nosso lanche”, aponta.

A região possuía 7 lanchonetes e pit-dogs, sendo que hoje restam apenas 4. Segundo a comerciante, duas semanas atrás, um senhor decidiu abandonar a banca devido à pressão da prefeitura.

À reportagem, o presidente do Sindicato dos Proprietários de Pit-Dogs de Goiânia (Sindpit-dog), Ademildo Godoy, explicou ter se esforçado para oferecer apoio à Neura ao longo dos 11 anos por meio de assistência jurídica.

“Ela é filiada nossa e tem 11 anos que seguro ela com liminar e mandado de segurança. É uma situação bem grave. Temos vários pit-dogs que estão sendo afetados e pressionados a fecharem”, afirmou.

“Não tem opção. Não ofereceram nem licença para outro lugar. Não tenho plano B. Que plano B vou ter aos 56 anos com câncer?”, questionou Neura.

Ao Portal 6, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) enviou uma nota em que afirma acompanhar e se sensibilizar com o caso de Neura e, caso seja cumprida a decisão judicial, a Prefeitura de Goiânia “se compromete a buscar alternativas”.

Confira a nota na íntegra

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (SEDEC), está acompanhando o caso da Dona Neura, que possui uma lanchonete na calçada do Hospital Alberto Rassi (Hospital Geral de Goiânia), no Setor Oeste.

De acordo com uma sentença judicial, a comerciante terá que deixar o local na próxima semana, onde está há 26 anos.

Sensibilizados com o caso, o prefeito Rogério Cruz determinou que o titular da Sedec, Geverson Abel, recebesse a Dona Neura.

Ela foi então até o gabinete do titular da Sedec, onde foi recebida na manhã desta quinta-feia (14/12).

Caso seja cumprida a decisão judicial, a Prefeitura de Goiânia se compromete a buscar alternativas para que ela possa trabalhar em um novo local na Capital.  

 

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