Jovem de Goiânia revela perguntas constrangedoras em formulário de contratação: “prefere Lula ou Bolsonaro?”
Empresa chegou a afirmar que "mais vale o caráter da pessoa do que as habilidades profissionais"
Entrevistas de emprego costumam avaliar as habilidades prévias e experiência dos candidatos, a fim de constatar a proficiência da pessoa e saber se realmente é válida a contratação.
Porém, uma jovem designer, que mora em Goiânia e preferiu manter o nome em sigilo, contou ao Portal 6 que teve de passar por um caso bastante inusitado nesta terça-feira (30), ao tentar se candidatar para uma vaga em uma empresa da capital.
“Ele [responsável pelo setor de contratações] me mandou um áudio falando que não admitiam pessoas com base na capacidade profissional, mas sim dependendo do caráter que tinha, para ver se encaixava no perfil da empresa”, explicou.
Ao receber essa mensagem, a jovem afirmou já ter estranhado toda a situação, mas, ainda assim, deu prosseguimento com a entrevista, já curiosa para ver o que mais aconteceria.
Dentre alguns itens do questionário, que inclusive foi enviado via WhatsApp, estavam pontos como: “Prefere Lula ou Bolsonaro? Obs: não pode falar ‘nenhum’ deles”, “Por que você acha que o mundo está no estado que está hoje?” e “Tem problema de trapalhar [sic] no regime PJ”?
Ao final da lista, a empresa ainda deixava claro que “não existia certo ou errado” com relação às respostas.
Ainda assim, o sentimento de revolta por parte da jovem foi gritante, tanto que nem chegou a dar uma resposta.
“Muito amadorismo, não só por mandar um formulário por WhatsApp, mas pelo nível das perguntas, como que eles fazem isso?”, questionou.
Outro colega da profissão da designer, que está em um grupo destinado a freelancers, e também optou pelo anonimato, recebeu a mesma proposta da empresa, porém respondeu o questionário.
“Vim de um lar de trabalhadores e sindicalistas, mas sou civilizado o suficiente para saber o viés dessa pergunta”, enviou, também pelo WhatsApp.
“Extremo antiprofissional. No atual estado que a gente está, pós-pandemia, com toda essa polaridade política, ter algo assim que pode definir sua entrada no mercado de trabalho, é desumano”, lamentou.