Sem repasse da Prefeitura, CMEI de Anápolis precisou vender galinhada para consertar freezer
Mato alto, canos e ralos que geram alagamentos sempre que chove e até mesmo falta de telhado são outras consequências enfrentadas pela unidade
Sem dinheiro sequer para arrumar parte do teto, que caiu em decorrência das fortes chuvas que marcaram o começo deste ano, as professoras e funcionários do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Doutora Zilda Arns Neuman, em Anápolis, estão tendo que “se virar” para conseguirem continuar trabalhando.
O Portal 6 esteve presente na unidade, localizada no Setor Tropical, na região Leste da cidade, na manhã desta quarta-feira (17). No local, foi possível reparar que, apesar da grande dedicação da equipe pedagógica, há sérios problemas estruturais e financeiros, que apenas a boa vontade e esforço dos profissionais não conseguem sanar.
A situação chegou a um nível tão crítico que, neste último sábado (13), a escola se viu forçada a preparar uma galinhada, a fim de custear o reparo do freezer, que apresentou defeitos.
“Chegou o bilhetinho, falando que eles iam estar vendendo a galinhada por R$ 12. Como era para ajudar a escola, a gente resolveu comprar”, afirmou um pai, que optou por não ter o nome revelado.
Acontece que, teoricamente, todas as unidades da rede pública deveriam estar com o cenário financeiro em dia, em virtude do Programa de Autonomia Financeira às Instituições Educacionais (Pafie), que é uma verba disponibilizada pela Prefeitura para que as gestoras de cada centro de ensino gastem conforme a necessidade.
Acontece que o último pagamento, que deveria ter sido realizado no final de 2023, ainda não foi repassado. Assim, as escolas e CMEI’s estão tendo de fazer o possível para continuarem funcionando.
Uma funcionária da unidade Doutora Zilda Arns Neuman, que preferiu não ter o nome divulgado, afirmou que, desde o começo do ano, o local não recebe sequer serviços de roçagem.
“O mato já está na altura do peito, não tem nem como levar as crianças para lá mais. Além do teto que caiu, tem a questão do problema nos canos e ralos, toda vez que chove, o pátio fica alagado”, contou.
Para os pais, o cenário também é bastante complicado. Entrevistada pela reportagem enquanto ia buscar a filha, de 05 anos, uma mãe, que também optou pelo anonimato, disse estar receosa com relação ao futuro.
“Ninguém aqui é rico, não é obrigação nossa sustentar a escola. Mas se a Prefeitura não faz o trabalho dela, se não for a gente ajudando, é nossos meninos que pagam o preço”, lamentou.
Em tempo
Ainda no começo de março, o Portal 6 já havia denunciado a situação precária que a falta dos repasses do Pafie estava causando no ensino público em Anápolis.
Dentre as reclamações, estavam até mesmo histórias de falta de gás para cozinhar a até ausência de papéis higiênicos e sacos de lixo.
A Prefeitura de Anápolis não respondeu os questionamentos da reportagem.