“Provarei que é possível ser honesta num ambiente onde o ilícito e o imoral é algo normal”, diz Marcela Pimenta, candidata a vereadora
Médica filiada ao Cidadania responde o '6 perguntas para' desta semana
Conhecida pelas denúncias que realiza contra o Poder Público nas redes sociais, Marcela Pimenta concorre pela primeira vez a um cargo eletivo, disputando uma vaga na Câmara de Anápolis.
Ao ‘6 perguntas para‘ desta semana, a médica diz estar preparada para o desafio, pois mergulhou a fundo na política anapolina nos últimos três anos e caso seja eleita, será “para fazer história”.
Filiada ao Cidadania, ela explica que a decisão foi tomada em conjunto com os seguidores no Instagram e que optou por um partido que “não tem rejeição” e a oferece chance real de vitória.
Marcela afirma que a candidatura não é uma construção pessoal, mas coletiva após pedidos nas redes sociais para que pudesse representá-los, dando voz a eles.
Segundo a candidata, o principal desafio será provar que é possível agir com honestidade num meio rotulado como “imundo” e que não será “capacho” de prefeito, independentemente de quem chegar ao Centro Administrativo.
Se eleita, Marcela afirma que não se preocupará com a rejeição dos colegas já em mandato na Casa. Para ela, ser vista como “inimiga” por esses políticos é um sinal de que está no caminho certo. O que realmente importa, pontua a médica, é a aprovação da população.
6 perguntas para Marcela Pimenta, médica e candidata a vereadora pelo Cidadania
1. Você ganhou notoriedade nas redes sociais com as denúncias que realizou, mas o custo foi deixar de atender na rede pública de saúde. Como essa questão a influenciou na decisão de disputar uma vaga na Câmara de Anápolis?
Marcela Pimenta: Na verdade o custo das denúncias não foi deixar de atender na rede pública municipal, foi o contrário. Pedi descredenciamento do cargo de médica após ser vítima de uma gestão que não respeita e valoriza os seus bons profissionais. Na época que saí da prefeitura houve um credenciamento. Fui aprovada em primeiro lugar e eu era, naquele momento, a única médica com título de especialista em Medicina da Família e Comunidade que foi habilitada naquele processo seletivo.
Sendo assim, era meu direito escolher onde iria atender. Pedi para a responsável a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da minha casa e a vaga foi dada a outra médica. Eles desrespeitaram a minha colocação e o direito à escolha da lotação e desprezaram 12 anos da minha vida dedicados à saúde pública anapolina.
Eu era uma médica exemplar, que cumpria rigorosamente o horário de atendimento, era preceptora da graduação do curso de medicina da UniEvangélica e o mais importante: era querida pelos pacientes. Nada disso foi o suficiente para que os meus apelos fossem atendidos.
Eu só queria o certo e o justo.
Fiz um desabafo no Instagram e depois dele muitos profissionais começaram a enviar denúncias, sempre pedindo sigilo. Nos dois primeiros anos não quis entrar no meio político, porque estudei para ser médica e cuidar de pessoas.
Entretanto, muitos seguidores me pediram para tentar uma cadeira no legislativo porque queriam se sentir representados, foi então que resolvi atender ao pedido de pessoas que não tem voz.
2. Você se coloca como alguém que não faz parte da política tradicional. Como pretende conciliar essa posição com a prática legislativa habitual, caso seja eleita?
MP: Política tradicional inevitavelmente nos remete aos velhos caciques, corrupção, escárnio, farra e desvio de dinheiro público, que geram enriquecimento ilícito de político mau caráter. Quase todos que almejam um cargo eletivo enxergam a política como uma mina de ouro e não como uma forma de contribuir para melhorar a vida do cidadão.
Eu tenho uma profissão e decidi entrar na disputa para defender o cidadão desse tipo de política perniciosa. Não preciso de política pra me dar bem. Quero entrar pra fazer o bem e provar que é possível ser honesta num meio rotulado como imundo.
Tenho personalidade, coragem e equilíbrio emocional para fazer o que deve ser feito: fiscalizar o executivo, criar leis relevantes que beneficiem o cidadão anapolino e votar sempre defendendo os interesses do povo.
Não serei capacho de prefeito. Farei tudo de acordo com a minha consciência.
3. Alguns vereadores a consideram inimiga devido à postura crítica adotada por você. Como planeja lidar com essa rejeição para conseguir aprovar projetos?
MP: Inimiga porque mostrei como eles votaram? Inimiga porque mostrei o que foi feito e o que não foi feito?
Era só terem feito o que prometeram na campanha passada: defender o povo. Mas a maioria se curvou ao prefeito para ter as benesses de fazer parte da base de Roberto Naves e com isso terem mais cargos comissionados. Era só ter trabalhado pelo povo que nenhum deles (as) estaria nas minhas redes sociais. Se tenho a rejeição deles, é porque estou no caminho certo.
A rejeição de quem votou a favor do aumento do IPTU em 2021, 1 ano e 9 meses após o início da Covid-19, onde famílias inteiras sofriam com dificuldades financeiras, a rejeição de quem votou a favor de 436 cargos comissionados quando na verdade a máquina pública tinha que ser enxugada e não inflada, a rejeição de quem votou a favor de um empréstimo de 500 milhões que deixará a cidade endividada para fazer de Anápolis um canteiro de obras e a conta ainda ficar para o próximo prefeito pagar… A rejeição desse tipo de parlamentar é algo esperado e não me preocupa nenhum pouco. O que importa é a aprovação da sociedade anapolina.
4. Você disputa pela primeira vez a eleição. Por que escolheu o Cidadania?
MP: Essa decisão foi tomada em conjunto com os meu apoiadores. Fiz uma enquete no Instagram sobre qual partido deveria me filiar e a resposta vencedora foi: ‘não importa o partido, vá para onde tem mais chance de ganhar.’ Decidi pelo Cidadania porque é um partido que não tem rejeição.
5. Como quer equilibrar a sua atuação combativa nas redes sociais com a postura republicana e de negociação na Câmara?
MP: Farei a minha parte. Tenho uma postura combativa sim e isso não vai mudar. Entretanto, estarei sempre aberta ao diálogo e manterei uma postura estadista porque isso é importante à população. Questões pessoais devem se manter abaixo do interesse da coletividade.
Apresentarei os projetos e seus benefícios à sociedade e conversarei educadamente com cada um deles. Se o projeto beneficiar a população e não for aprovado, farei a lista dos que votaram contra e a divulgarei no meu Instagram (lembrando que qualquer cidadão pode ter acesso aos votos dos vereadores no portal da Câmara, através das atas das sessões). E será assim o mandato inteiro.
Primeiro, o diálogo, a postura estadista. Depois, cada um que arque com as consequências dos seus atos. Hoje, das 23 cadeiras, apenas 05 são ocupadas por mulheres. E sinto falta de uma vereadora com uma postura mais combativa diante de tanta farra com o dinheiro público. Quero provar que uma mulher forte, corajosa, mãe de quatro filhos, médica com 12 anos de história na saúde pública anapolina pode entrar no parlamento e fazer história!
6. Você se considera preparada para enfrentar os desafios e as responsabilidades para ocupar o cargo de vereadora?
MP: Sim, estou preparada. Nos últimos 03 anos mergulhei a fundo na política anapolina. Rodei a cidade inteira entregando adesivos pedidos pelos apoiadores e ouvindo suas demandas. Se for pra entrar, é pra fazer história! Provarei que é possível ser honesta num ambiente onde o ilícito e o imoral (pra não dizer corrupto, sem generalizar) é algo ‘normal’. Se tiver uma chance, provarei que sim, é possível. E tudo será mostrado nas minhas redes sociais.
Não só é necessário maior representatividade feminina na Câmara; precisamos de mulheres fortes e corajosas para enfrentar um sistema corrompido e que não abaixam a cabeça para vereadores que querem intimidar seus pares no grito e discursos raivosos. Eu não tenho medo de ninguém e estou à disposição para trabalhar pela sociedade anapolina.