Anapolino busca soluções no Reino Unido que podem revolucionar o uso de motores elétricos na indústria

Engenheiro eletricista construiu carreira em área de grande interesse automobilístico

Samuel Leão Samuel Leão -
Anapolino busca soluções no Reino Unido que podem revolucionar o uso de motores elétricos na indústria
Newcastle University, no Reino Unido. (Foto: Will//Google)

Nascido em Anápolis, o jovem Guilherme Fernandes, de 27 anos, construiu uma carreira proeminente na área de pesquisa com motores elétricos. Agora, se prepara para enfrentar o famoso “doutorado sanduíche”, no Reino Unido, oferecido pela CAPES. Apoiado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), ele irá aprofundar tendências que geram grande interesse da indústria automobilística durante o “PhD”.

Ao Portal 6, o pesquisador, que é engenheiro eletricista, formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), contou que a área pesquisada pode ser um “game changing“, ou seja, de grande impacto para problemas atuais, como o uso de materiais de terras raras para construir componentes dos veículos.

Guiherme Fernandes é engenheiro eletricista e pesquisa motores elétricos. (Foto: Acervo Pessoal)

“Essencialmente o meu trabalho está relacionado a explorar e desenvolver o potencial da aplicação do Motor Síncrono Eletricamente Excitado (EESM) Multifásico para aplicações em veículos elétricos. Atualmente, a indústria utiliza majoritariamente os motores elétricos conhecidos como PMSMs, que fazem uso dos ditos materiais de terras raras, os quais levantam preocupações ambientais, de custo e segurança”, explicou.

Ainda segundo ele, a área de estudo se destaca também pela exploração de motores multifásicos, os quais possuem mais de três fases – sistema que tem um potencial de maior densidade de potência, redundância em caso de falhas e, consequentemente, maior eficiência. Esses modelos seriam ideais para aplicações de alto desempenho.

O engenheiro ainda ressaltou uma busca crescente, exercida por empresas como a BMW, Renault, Brusa, Mahle e ZF, visando o desenvolvimento dessas tecnologias, propondo veículos elétricos com motores livres de materiais de terras raras. Assim, a tendência é a busca pelo menor impacto ambiental possível, aliado à maior eficiência e segurança.

“Estou indo para Newcastle Upon Tyne (Reino Unido), passar 6 meses na Newcastle University. Esse projeto está inserido em uma parceria da Newcastle University com a empresa GKN Automotive denominado “Acionamentos elétricos com zero ímãs para veículos elétricos”, detalhou.

O Brasil é produtor de alguns desses elementos incomuns, encontrados apenas em terras raras, tais quais o Neodímio (Nd), Praseodímio (Pr) e térbio (Tb). Em Goiás, a cidade de Minaçu se destaca na exploração de tais recursos, trabalho acompanhado pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

Panorama

Com questões, como a segurança nas estradas, a durabilidade das baterias e outras ainda sendo objeto de análise, o pesquisador ressalta que o mercado ganha espaço no Brasil. A medida que os desafios são superados, via pesquisas como a dele e pelo desenvolvimento da tecnologia, os hábitos da população acompanham as mudanças, possibilitando uma “guinada sustentável”.

“No Brasil e em Goiás, o cenário de veículos elétricos é emergente e vem ganhando visibilidade, com um número crescente de empresas e consumidores buscando alternativas mais sustentáveis. Apesar disso, ainda há desafios significativos, como limitações associadas a infraestrutura. No entanto, com o avanço das políticas públicas e o desenvolvimento da tecnologia, a popularidade dos veículos elétricos tende a crescer, impulsionando um futuro mais verde e sustentável para a mobilidade na região e no país”, pontuou.

“Lá (no Reino Unido) terei acesso a um ambiente com uma excelente infraestrutura, além de ter contato com profissionais mundialmente reconhecidos no setor. Isso será de fundamental importância para alavancar a minha pesquisa. Minha expectativa é absorver ao máximo essa experiência de forma retribuir e contribuir para o Brasil por avanços científicos e tecnológicos, gerando um impacto positivo na sociedade”, concluiu.

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