Emocionante: garotinho realiza sonho e conhece goiano que lhe salvou a vida ao doar medula

Por conta de questões de segurança, nem o doador ou a família do garoto sabiam a identidade um do outro

Davi Galvão Davi Galvão -
Emocionante: garotinho realiza sonho e conhece goiano que lhe salvou a vida ao doar medula
Registro de Bruno, quando enfrentava a leucemia. (Foto: Arquivo Pessoal/Eduarda da Cruz Fonseca)

Já faz 10 anos desde que Eduarda ouviu a notícia que nenhuma mãe deseja receber, mas ela ainda se lembra como se fosse ontem. O filho, de apenas um ano, havia sido diagnosticado com leucemia. E em uma reviravolta com várias improbabilidades, a história ganhou novo capítulo em 2024.

Mas antes do final feliz, foram várias as pedras no caminho. À época, logo após o diagnóstico e morando no Maranhão, em 2014, Eduarda e o marido tiveram de ir para o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), em Brasília (DF), para seguir com o tratamento.

Inicialmente, os cuidados pareciam estar surtindo efeito, mas após dois anos e uma recaída severa, a equipe médica decretou: para sobreviver, Bruno, único filho do casal, precisaria de uma nova medula.

“A gente sabia o que isso queria dizer. A gente sabia que as filas eram imensas, e que para o tempo que ele tinha, só um milagre poderia salvar nosso menino”, contou, em entrevista ao Portal 6.

E embora ela ainda não fizesse ideia, era exatamente isso o que estava prestes a acontecer, tudo graças a um morador de Goiânia e uma história que começou ainda há mais tempo, em 2008.

Jordan Eterno Batista, atualmente com 58 anos, trabalha na capital como vendedor e contou à reportagem que nunca pensou que iria ser doador, muito menos responsável por salvar a vida de uma criança. Mas, após uma visita com um grupo da igreja que costumava frequentar, tudo mudou.

“O nosso grupo foi, em 2008, visitar uma mulher, que estava lutando com a leucemia. A gente foi na casa dela e a filha, ainda criancinha, me mostrou três bicicletas e falou que, quando a mãe dela sarasse, iriam, ela, a mãe e o pai, pedalar muito. Isso me tocou muito e eu resolvi então me cadastrar como doador. Mas alguns meses depois, essa mulher morreu, e eles nunca andaram de bicicleta juntos. Isso me marcou”, lembrou, emocionado.

Jordan contou que seguiu matriculado no banco nacional de doadores e, por muito tempo, nada aconteceu, até que, oito anos depois, em 2016, ligaram para ele, informando haver aparecido um paciente 100% compatível e que, para sobreviver, iria precisar de um transplante de medula.

“Quando é assim, por questões de segurança, a equipe médica não fala nada sobre a identidade, nem para quem está doando, nem recebendo, nem antes e nem depois da operação, por pelo menos quatro anos. A única coisa que me contaram foi, logo antes da operação que eu estaria salvando a vida de uma criança. Só isso para mim já foi o bastante, eu não consigo nem me expressar”, contou, emocionado.

A operação foi um sucesso e Bruno foi curado completamente, ganhando uma “nova chance”, nas palavras da mãe. Assim, o garoto e Jordan passaram a estar ligados, com o mesmo sangue correndo nas veias, mas ainda sem fazerem a menor ideia da identidade um do outro.

Bruno atualmente está com 13 anos e totalmente curado. (Foto: Arquivo Pessoal/Eduarda da Cruz Fonseca)

A história ganhou uma nova página agora, em 2024, quando Eduarda resolveu ir atrás de quem havia salvado a vida do filho e, com o apoio da Embrace, uma instituição que auxilia pacientes com câncer, conseguiu o contato de Jordan.

“Eu falo que 8 agora é meu número da sorte. Em 2008 me tornei doador, 8 anos depois, fiz o transplante e, 8 anos depois, a Eduarda me ligou. Na hora eu fiquei sem reação, a gente ficou quase que uma hora falando, sem parar, sobre o Bruno, a vida dele, como ele era, e aí a gente marcou de se ver, pessoalmente”, contou o doador.

O tão aguardado encontro ocorreu neste último sábado (26), na sede do Abrace, em Brasília (DF). Lá, a família de Bruno pode enfim abraçar, conhecer e agradecer o homem que deu a Bruno a oportunidade de aproveitar a vida.

Encontro aconteceu na sede do Embrace, em Brasília. (Foto: Divulgação)

Muito tímido, Jordan conta que o menino quase não falou nada, mas o que faltou em palavras sobrou e transbordou em emoção, com o garoto o abraçando “com toda a força que tinha”, conforme o próprio goianiense relembrou.

“Hoje eu considero o Bruno quase que como meu filho. Se você for e fizer um exame de sangue nele, ver o DNA, vai falar que eu sou o pai. Isso é algo que eu nunca vou saber como descrever a sensação.

E assim, finalmente conhecendo um ao outro, ambas as famílias se comprometeram em manter contato, para acompanharem toda a jornada e descobertas que Bruno fará.

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