Mesmo com decisão judicial, paciente internada em Anápolis não consegue fazer exame: “estão esperando ela morrer?”
Família buscou Justiça para intervir no caso, mas mesmo com parecer positivo do MP, nada foi feito

Desamparo. Esse é o sentimento descrito pela família de Idelma Rodrigues Resende, de 59 anos, que segue internada há 12 dias em Anápolis após um AVC e que, mesmo com uma ordem judicial, não consegue realizar um exame que pode representar a diferença entre a vida e a morte.
Foi como explicou, em entrevista ao Portal 6, a sobrinha da paciente, Gleyce de Sousa Resende, que afirmou não restar mais nada a fazer, exceto aguardar e cobrar que seja feito o que a Lei determina.
Ela contou que a tia sofreu o AVC no dia 11 deste mês e foi encaminhada ao Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Heana), onde segue internada e inconsciente.
Acontece que, por conta da sensível condição da paciente, Gleyce explicou que equipe médica necessita realizar um exame de arteriografia cerebral, a fim de avaliarem a possibilidade de uma intervenção cirúrgica.
Porém, o Heana não conta com o aparelho necessário para realizar o procedimento, de modo que, temendo pela vida de Idelma, a família procurou o Ministério Público de Goiás (MPGO), para tentar encontrar uma solução.

Idelma na companhia do neto, Pablo. (Foto: Arquivo Pessoal/Gleyce de Sousa)
Na decisão, emitida no dia 18, o MPGO determinou que, em um prazo de 48 horas, o município de Anápolis ou o Estado de Goiás providenciassem para que a paciente fosse transferida a uma unidade em condições de fazer o exame.
O documento ainda é claro ao dizer que, em caso de necessidade de cirurgia, Idelma ainda deve ser encaminhada a unidade competente, seja ela privada ou pública, sendo todo o processo coberto pelo SUS.
“Ela está sendo bem cuidada no Heana, não é essa a questão. O ponto é que minha tia tá correndo risco de vida e parece que só esqueceram dela. Ela precisa desse exame, o prazo venceu no dia 20. Estão esperando ela morrer?”, questionou Gleyce.
Apesar de a decisão estipular uma multa coercitiva no valor de R$ 25 mil em caso de descumprimento do prazo, nada foi feito até então.
O Portal 6 tentou contato com a Secretaria Municipal da Saúde (Semusa) de Anápolis, com a Secretaria da Saúde (SES) de Goiás e com o Heana, para comentarem sobre o caso.
A Semusa afirmou que a regulação no Heana é realizada exclusivamente através da rede estadual, não cabendo assim interferência da Prefeitura de Anápolis.
Por sua vez, o Heana alegou que a marcação da arteriografia foi disponibilizada, em um procedimento que seria realizado no Hugol. Contudo, devido ao estado delicado da paciente, não pode ser realizada no momento.
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Ao ser questionada pela reportagem se tinha conhecimento dessa decisão médica, a família de Idelma afirmou não ter sido comunicada até o início da noite deste sábado (23).
Confira a nota na íntegra:
A paciente foi admitida no HEANA em grave estado geral, devido um Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico.
Para a investigação do quadro clínico foi realizado a angiotomografia que foi aventou a possibilidade de doença aneurismatica, diante do quadro clínico e possibilidade de etiologia aneurismatica foi solicitado uma arteriografia.
A paciente necessita realizar procedimento de clipagem de aneurisma, e para realizar o planejamento cirúrgico, realizará a arteriografia.
Vale destacar que o tratamento necessário à paciente, que já chegou na unidade em estado grave, está sendo realizado, e que a prioridade no momento é a estabilização clínica da mesma. O exame e a cirurgia supramencionados são para prevenir o re-sangramento, mas que não alteram o quadro clínico atual da paciente, que é resultado das consequências do sangramento cerebral inicial.
A marcação da arteriografia foi disponibilizada, com agendamento realizado pelo HEANA no HEG, mas devido a condições clínicas da paciente, não pode ser realizada, sendo que tem novo agendamento para terça da próxima semana.
Destacamos ainda, que o HUGOL também já se disponibilizou em realizar a arteriografia, entretanto, a paciente permanece em leito de UTI em estado gravíssimo, e será transferida para realizar o procedimento após estabilização clínica.