Vizinhança de Anápolis sofre com ‘acumulador’ de cachorros: “fede tanto que queima o nariz”

Se por um lado atitude mostra preocupação do tutor com os animais, por outro são os moradores do bairro que sofrem com situação

Davi Galvão Davi Galvão -
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Moradores relatam que cerca de 50 cachorros vivem no imóvel. (Foto: Davi Galvão)

Moradores do Conjunto Mirage, região Norte de Anápolis, são forçados a lidar diariamente com latidos ensurdecedores que varam a madrugada e o constante fedor de fezes, em uma situação que persiste já há uma década. Se por um lado, tal realidade originou-se da preocupação de um idoso com os animais abandonados na rua, por outro transformou a vida de toda a vizinhança em uma lamúria.

Isso porque, na rua 03, uma residência tornou-se um abrigo para diversos cachorros que antes viviam soltos na rua. O proprietário do imóvel, já idoso, recolhe os animais e os dá água e comida – o que não deixa indícios de maus tratos, mas de possível insalubridade. Isso porque, como fica fora a maior parte do dia, resta aos vizinhos lidarem com a barulheira e mau cheiro, que inclusive já foi a causa para que comércios locais fechassem as portas.

Morador do bairro há mais de 30 anos, Adair Francisco Lobato é vizinho do lote e afirmou que não condena a atitude de caridade e acolhimento com os animais. O problema, porém, é a quantidade exagerada de cães que vivem amontoados e a falta de limpeza e cuidados adequados no local.

 

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“Mais de 50 cachorros vivendo em meio lote. O fedor é insuportável, queima o nariz. De dia, passa alguém no portão dele, é latido que não acaba mais. Se um latindo já incomoda, imagina 30, 40. E de noite, parece que tá de dia. Como que dorme?”, lamentou.

Ainda sobre a falta de asseio e higiene, Adair relembrou que, no ano passado, após meses a fio convivendo com o fedor, a vizinhança teve um breve momento de paz após o tutor dos cães finalmente limpar o local. Naquele dia, como relatado, foram duas caçambas repletas de fezes retiradas do imóvel. O alívio, porém, não durou sequer uma semana.

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Em registro enviado à reportagem, que mostra parte dos cães, espaço onde eles vivem não parece ter sido adaptado. (Foto: Reprodução)

Prejuízos para o bairro

Funcionária de uma pamonharia na região, Denise Henrique de Souza contou à reportagem que, mesmo não sendo vizinha direta da casa, o fedor de fezes ainda invade o estabelecimento e é reclamação constante entre os clientes.

“Tem gente que vem, para, parece que vai descer, mas aí sente o cheiro e resolve procurar outro lugar, não é fácil. Quando chove então, fica insuportável”, comentou.

Apesar disso, a pamonharia ainda resiste, diferentemente de outros comércios, que não tiveram tanta “sorte”. No ano passado, um churrasquinho foi aberto na esquina da rua. Porém, não durou muito, justamente por conta do aroma fétido.

“Ele teve que fechar porque as pessoas sentavam lá para comer e perguntavam se tinha morrido algum animal lá perto. Não tem como, é pura carniça”, disse.

Uma moradora, que preferiu não se identificar, relatou que ninguém sabe ao certo o porquê de o idoso dono do imóvel ter passado a cuidar de tantos animais, mesmo sem ter um espaço adequado.

“Ele tem um bom coração, não maltrata eles, dá comida, mas ninguém sabe explicar como que chegou  a esse ponto, de acumular tanto bicho. Ele não consegue mais limpar, dar todos os cuidados que precisa. É uma situação bem triste”, revelou.

Tanto a Polícia Militar (PM) quanto a Vigilância Sanitária já foram acionados pela população, mas até o momento, nada foi feito. Caso a situação persista, os moradores relataram que pretendem contratar um advogado e procurar medidas jurídicas para lidarem com o caso.

A reportagem tentou contato com o dono do imóvel, mas não foi atendida. O espaço segue em aberto.

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