Médicas vão parar na UTI após comer peixe em restaurante e caso levanta suspeita sobre toxina rara no Brasil

Vigilância em Saúde informou que coletou amostras dos alimentos servidos e enviou para análise no Lacen

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Médicas vão parar na UTI após comer peixe em restaurante e caso levanta suspeita sobre toxina rara no Brasil
(Imagem: Ilustração/Captura de tela/Youtube)

Duas médicas precisaram ser internadas em UTIs depois de passarem mal ao consumir peixe em um restaurante de Natal (RN).

O episódio aconteceu na última terça-feira (06) e, desde então, autoridades de saúde passaram a investigar o caso como possível intoxicação alimentar.

Além delas, outras sete pessoas que participaram do mesmo evento relataram sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e até distúrbios neurológicos.

Segundo a Jovem Pan, o grupo fazia parte de um encontro que reuniu 33 pessoas no restaurante.

A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde de Natal, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS), na última sexta-feira (10).

De acordo com o órgão, uma das hipóteses levantadas é a presença da ciguatera, toxina considerada rara no Brasil, mas que já foi identificada em surtos registrados em Pernambuco e no arquipélago de Fernando de Noronha a partir de 2022.

O peixe servido no restaurante foi o dourado, espécie marinha que, apesar de não ser típica de recifes de coral, pode acumular a toxina ao se alimentar de outros peixes contaminados.

Os sintomas que levantaram o alerta vão além dos gastrointestinais. Algumas pessoas também relataram formigamento no corpo, inversão térmica (quando o frio parece quente e vice-versa), gosto metálico na boca e fraqueza muscular — todos compatíveis com quadros de intoxicação por ciguatera.

A Vigilância em Saúde informou que coletou amostras dos alimentos servidos e enviou para análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Lacen). O resultado deve sair em até 30 dias.

Apesar da gravidade do caso, o chefe da Vigilância Sanitária de Natal, José Antônio de Moura, afirmou que o episódio é tratado como pontual e que não há recomendação para suspender o consumo de peixe na capital potiguar.

“Não há motivo para pânico. Não identificamos risco sistêmico nem falhas sanitárias no restaurante em questão”, disse.

Já o presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do Estado (Sindpesca-RN), Arimar Filho, não descartou a possibilidade de ciguatera, mas também levantou a hipótese de intoxicação por histamina, que ocorre quando o pescado é armazenado de forma inadequada, rompendo a chamada “cadeia do frio”.

A ciguatera é uma toxina produzida por algas que crescem em recifes e entram na cadeia alimentar por meio de peixes herbívoros.

Como o peixe contaminado não apresenta cheiro, cor ou gosto alterado — e a toxina resiste ao congelamento e ao cozimento —, não há forma de detecção antes do consumo.

Por isso, autoridades reforçam que casos suspeitos devem ser imediatamente notificados, principalmente em estados com histórico de ocorrências recentes.

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