Estratégia agressiva da 99Food em Goiânia cai no gosto dos moradores, mas levanta questão

Internautas ficam surpresos ao receber notificações promocionais no exato momento em que chegam em casa e questionam se a empresa usa dados do app de corridas para personalizar ofertas do delivery

Samuel Leão Samuel Leão -
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Entregador da 99Food em deslocamento em Goiânia. (Foto: Divulgação)

A chegada da 99Food em Goiânia tem causado furor entre os usuários de aplicativos de delivery. Com cupons de desconto que chegam a R$ 99 e taxa de entrega praticamente zerada, a plataforma conquistou rapidamente os goianienses, que antes dependiam apenas do iFood e Rappi para seus pedidos de comida.

Mas por trás dos preços atraentes, uma questão intriga os usuários: como a 99Food consegue ser tão precisa em suas ofertas?

Internautas relatam receber notificações promocionais no exato momento em que chegam em casa, gerando comentários como “como sabem que eu cheguei em casa morta de fome?” e “será que usam os dados?”.

Empresa confirma integração total entre app de corridas, delivery e pagamentos

A resposta é sim. E isso é perfeitamente legal, como já ressaltou um executivo da 99 ao site Poder360.

“A nossa visão de futuro é a combinação dos serviços que a gente oferece para trazer mais benefícios para os consumidores”, declarou Bruno Rossini, diretor de Comunicação da 99.

A estratégia inclui a possibilidade de criar assinaturas onde usuários acumulam descontos no delivery conforme utilizam o app de corridas.

“Quais benefícios eu posso oferecer para os nossos clientes quando combino meio de pagamento com entrega de comida? Por exemplo, quando eu crio uma assinatura onde você se torna membro de um programa da 99 e vai acumulando descontos conforme você utiliza”, explicou Rossini.

Banco de dados de 55 milhões de usuários permite ofertas personalizadas

A precisão das notificações da 99Food não é coincidência. A empresa já possui um vasto banco de dados de seus 55 milhões de clientes do app de corridas, incluindo dados de localização onde os usuários moram, trabalham e frequentam, padrões de comportamento como horários de uso e rotinas de deslocamento, informações de pagamento com formas preferidas e histórico de gastos, além dos dados do 99Pay com 20 milhões de clientes ativos e mais de R$ 1 bilhão depositados.

Essa integração permite que a 99Food identifique quando um usuário chega em casa após o trabalho e envie ofertas personalizadas no momento ideal. É exatamente isso que explica os comentários dos internautas sobre receber promoções “na hora certa”.

LGPD permite compartilhamento desde que haja transparência e consentimento

Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados, o compartilhamento de dados entre serviços da mesma empresa é permitido, desde que respeitadas algumas condições.

Os usuários devem ser informados sobre o compartilhamento de dados entre os serviços, incluindo quem terá acesso às informações e para qual finalidade.

A empresa deve ter consentimento do usuário ou outra base legal válida para o processamento dos dados.

Os dados só podem ser compartilhados para finalidades compatíveis com as originalmente coletadas, e os usuários mantêm o direito de acessar, retificar, excluir e portar seus dados, além de revogar consentimento a qualquer momento.

Goianienses comemoram preços baixos nas redes sociais, mas também questionam

Nas redes sociais, os comentários dos goianienses revelam satisfação com os preços, mas também curiosidade sobre a precisão das ofertas.

Luís (@lu1s4ndrecf) comemorou no antigo Twitter: “Paguei 17 reais numa parmegiana no almoço. E agora a noite, 50 reais em dois mega burguers. Obrigado por tudo 99food”.

Outro usuário ficou impressionado: “Acabei de pedir 50 salgadinhos + 10 churros por 17 reais obrigado 99food e obrigado salgadinhos tia rosa”.

Mas também levanta a dúvida: “Acabei de chegar em casa e pá… veio a notificação do 99food. É o que estou pensando?”

Por fim, Tatá (@tamynne_) resumiu o sentimento geral: “99food com 50% off em qualquer pedido foi a melhor coisa da vida pra eu almoçar hj”.

Investimento de R$ 1 bilhão marca retorno após três anos fora do ar

A 99 Food retorna ao mercado brasileiro após encerrar operações em 2022, agora com um investimento de R$ 250 por dia para entregadores que completem 20 corridas, e R$ 50 milhões em investimentos em pontos de apoio nos próximos cinco anos.

Daniel Fichmann, diretor de Aquisição de Restaurantes da 99 Food, resume a proposta: “Delivery estava caro demais. Estamos aqui para mudar isso”. A empresa promete aumentar em até 20% o lucro por pedido dos restaurantes e democratizar o acesso ao delivery para cerca de 400 mil estabelecimentos que hoje não utilizam plataformas digitais.

Todos os serviços no mesmo app prometem benefícios cruzados

A 99 define sua plataforma como um “ecossistema” onde corridas, delivery e pagamentos se complementam. Todos os serviços estarão disponíveis no mesmo aplicativo, permitindo ofertas cruzadas e benefícios personalizados. Para acessar o 99Food, os usuários precisam apenas abrir o aplicativo da 99 e clicar no ícone da nova funcionalidade.

Para os usuários preocupados com privacidade, a empresa garante que segue todas as normas da LGPD.

Mas a precisão das ofertas continuará, afinal, é exatamente essa personalização que torna o serviço mais atrativo.

A questão não é se a 99Food usa dados dos usuários do app de corridas – ela usa, e isso é transparente. É se os consumidores estão dispostos a trocar um pouco de privacidade por descontos significativos. Pelos comentários nas redes sociais, a resposta em Goiânia parece ser um sonoro “sim”.

Nota 10

Para delegada Fernanda Martins pelo trabalho com  bastante empenho na recém criada Força-Tarefa de Proteção à Mulher na regional de Anápolis.

Nota Zero

Para postura da Secretaria Municipal de Eficiência (Sefic), da Prefeitura de Goiânia, em defender a indefensável demolição de casas de moradores da ocupação Estrela D’Alva.

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