Paciente que esperou liberação para hemodiálise por quase um mês morre em hospital de Anápolis
Prefeitura afirmou que liberou uma vaga ainda esta semana, mas que condição de Seu Vandeir se agravou e impediu a alta hospitalar

Faleceu, nesta quinta-feira (09), Vandeir Antônio de Morais, aos 59 anos. Personalidade de grande renome na comunidade anapolina, Vandeir estava desde o começo do mês internado no Hospital Municipal Alfredo Abrahão, onde morreu após esperar quase um mês pela liberação de uma vaga para seguir com o tratamento de hemodiálise.
Embora tecnicamente pudesse receber alta, a equipe hospitalar só poderia liberá-lo caso surgisse alguma vaga de hemodiálise em uma clínica vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ele vinha realizando o procedimento três vezes por semana.
A liberação, porém, veio tarde demais e a situação de Vandeir se agravou de modo que não pode ser transferido e ele faleceu em um quarto de hospital, rodeado dos barulhos de máquinas, outros pacientes e o frio absoluto que em nada remete ao conforto do lar.
Ana Caroline, filha de Vandeir, mobilizou uma campanha nas redes sociais com a esperança de chamar a atenção do poder público e da população para o caso do pai, com medo de que a demora no hospital agravasse ainda mais a condição dele.
A Prefeitura afirmou que a Fundação James Fanstone liberou uma vaga nesta última terça-feira (07).
Luta contínua
Apesar de já enfrentar uma situação caótica, em breve a cidade contará apenas com a Fundação James Fanstone para atender a toda essa demanda.
Isso porque o Instituto Nefrológico de Anápolis (Inan), que atualmente atende cerca de 90 pacientes, encerrará as atividades no dia 25 deste mês.
A Prefeitura afirmou que todos que já fazem tratamento serão transferidos para o James Fanstone, mas a apreensão e incerteza de quem depende do tratamento para viver ainda é grande.
O Inan seguiu trabalhando no vermelho ao longo de meses, passando por períodos críticos na gestão passada, quando ficou quatro meses sem absolutamente nenhum repasse por parte da Prefeitura.
Ainda que na atual gestão os repasses estejam vindo, fato é que o valor cedido pelo SUS há muito não é suficiente para custear as sessões, em um cenário de calamidade nacional. Sem subsídios municipais ou estaduais, a solução foi fechar as portas.
No gosto amargo deixado pela partida de Vandeir, ficam as boas memórias que ele construiu comunidade da Igreja São João Batista e nos anos em que lecionou no Senai, por mais de uma década, ensinando a jovens o ofício de lanternagem e pintura.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura, que ressaltou que o óbito de Vandeir não se deu por conta da falta de hemodiálise, uma vez que os procedimentos eram realizados de forma plena no Alfredo Abrahão.
Ainda, ressaltou que todos os 14 pacientes que estavam aguardando liberações para o procedimento tiveram as vagas concedidas.
Confira a nota na íntegra:
A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que a vaga para hemodiálise do paciente Vandeir Antônio de Morais foi liberada esta semana pela Fundação James Fanstone, porém o paciente apresentou complicações durante a internação, que impossibilitaram a alta do mesmo e infelizmente caminharam para o óbito do paciente. No entanto, é importante ressaltar que o óbito do paciente não se deu pela falta da hemodiálise, uma vez que durante o período em que o paciente esteve internado no HMAA ele estava totalmente assistido, foi acompanhado diariamente pela equipe de nefrologia e realizou as sessões de hemodiálise necessárias durante toda a sua internação.
Quanto a fila de pacientes aguardando diálise, a Secretaria de Saúde informa que todos os 14 pacientes que estavam aguardando tiveram suas vagas liberadas essa última semana, e já estão iniciando gradativamente as sessões na fundação James Fanstone.
No atual momento, não há nenhum paciente aguardando liberação de vaga de hemodiálise.
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