Com menos de 5 mil habitantes, cidade goiana desponta entre as cidades mais ricas do Brasil

Um recanto discreto com surpresas econômicas na divisa com Mato Grosso do Sul

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
Rio Aporé, que passa pela cidade, é uma excelente opção para prática de esportes. (Foto: Ricardo Aranha)
Rio Aporé, que passa pela cidade, é uma excelente opção para prática de esportes. (Foto: Ricardo Aranha)

Quando se pensa em extremos, imaginamos paisagens indecisas, não é mesmo?

No extremo Sul de Goiás, onde o cerrado começa a dialogar com o Pantanal e o Mato Grosso do Sul sussurra por detrás do rio, está o município de Aporé, um local que carrega mistérios, desafios e até uma aura de prosperidade incomum.

Aporé está situado no limite sudoeste de Goiás, fazendo fronteira direta com o Mato Grosso do Sul através do seu leito fluvial.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município tinha em 2022 cerca de 4.325 habitantes. Sua extensão é vasta: aproximadamente 2.900 km² segundo a própria prefeitura municipal.

A formação de Aporé remonta à década de 1930, quando pequenas moradias surgiram por conta da construção de uma ponte de madeira sobre o rio Aporé, instrumento inicial de conexão comercial com regiões vizinhas.

Em 1958 foi elevado à condição de município.

Até aqui, Aporé pareceria apenas mais uma cidade do interior profundo. Mas o que chama atenção é sua ascensão “invisível” nos rankings de renda.

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base nos dados do Imposto de Renda de Pessoa Física de 2020, apontou que Aporé detém uma renda média de R$ 8.109 por habitante, o que o colocaria como a segunda cidade mais rica do Brasil, em termos proporcionais.

A reportagem do Jornal Opção destaca essa discrepância e discute como o dado estatístico contrasta com a realidade de infraestrutura e desigualdades locais.

Vista aérea da cidade de Aporé, na região Sudoeste de Goiás. (Foto: Divulgação / Prefeitura de Aporé)

Essa elevação econômica — ainda que pontual — fez com que Aporé conquistasse atenção nacional. É possível que poucas pessoas esperem tamanho desempenho de um município tão pequeno e tão recôndito.

Como explicam alguns veículos, essa renda não reflete uniformidade de prosperidade: há moradores que vivem com condições muito modestas, enquanto um nicho de contribuintes com rendimentos elevados “puxa” a média para cima.

Para quem se aventura até lá, Aporé transmite a ambiguidade de um destino de fronteira: silêncio intercalado por caminhões nas estradas, céu imenso, rios que formam divisas, e uma certeza sutil de que nem tudo pode ser medido apenas por estatística.

Visitar Aporé é percorrer o encontro entre o “ser remoto” e o “número emblemático”. Quem passa pelos seus caminhos percebe que, no interior brasileiro, há sempre histórias que escapam ao olhar superficial — e que rendas altas podem coexistir com realidades modestas.

Siga o Portal 6 no Instagram: @portal6noticias e fique por dentro das últimas notícias de Goiânia!

Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

Publicidade