Receita Federal cruza dados do Pix com o Imposto de Renda e aplica multas por movimentações não declaradas

Sistema de transferências instantâneas agora faz parte da base de fiscalização do Fisco, que passou a identificar rendimentos ocultos e aplicar multas em casos de irregularidades

Gabriel Yuri Souto Gabriel Yuri Souto -
Imposto de Renda
(Foto: Reprodução/ Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Criado em 2020 pelo Banco Central, o Pix transformou a forma como os brasileiros realizam pagamentos.

Gratuito e disponível 24 horas por dia, o sistema se tornou o meio de transferência mais usado do país, superando cartões e boletos.

Agora, quase cinco anos após o lançamento, o Pix entrou em uma nova etapa — e desta vez, sob o olhar atento da Receita Federal.

Desde janeiro de 2025, as operações realizadas por Pix passaram a integrar o processo de fiscalização do Fisco.

A mudança determina que bancos e fintechs repassem informações detalhadas das transações financeiras, permitindo que a Receita cruze os dados com as declarações de Imposto de Renda dos contribuintes.

A medida não cria um novo imposto, mas aprimora o monitoramento de rendimentos não declarados e o combate à sonegação.

Cruzamento de dados: como o processo funciona

O procedimento é feito por meio do sistema e-Financeira, plataforma utilizada pela Receita Federal para receber dados de instituições bancárias e de pagamento.

O envio passou a ser semestral e inclui informações sobre o volume total de dinheiro movimentado — seja via Pix, TED, DOC, cartão ou transferência entre contas.

Com base nesses dados, o sistema compara as movimentações financeiras de cada contribuinte com os valores declarados no Imposto de Renda.

Quando há divergência, o sistema gera um alerta automático, o que pode resultar em uma análise mais detalhada ou mesmo na aplicação de multa.

Receita não cobra imposto sobre o Pix, mas intensifica a fiscalização

A Receita Federal reforça que não há qualquer tipo de imposto novo sobre o Pix. O que muda é a ampliação do controle sobre movimentações incompatíveis com a renda declarada.

Ou seja, quem utiliza o sistema para transferências pessoais e comuns não precisa se preocupar. A fiscalização mira situações em que há valores expressivos não declarados ou suspeita de ocultação de rendimentos.

Limites de monitoramento e penalidades

De acordo com o Governo Federal, o monitoramento é voltado a pessoas físicas que movimentam acima de R$ 5 mil por mês, e empresas ou MEIs com movimentações superiores a R$ 15 mil mensais.

Esses valores se referem ao total movimentado, e não a transferências isoladas.

Quando há incompatibilidade entre o valor movimentado e o que foi declarado, o sistema de inteligência artificial da Receita identifica o caso automaticamente.

Se o contribuinte não comprovar a origem dos recursos, pode ser autuado e multado em até 150% do valor omitido, além de pagar juros e correções retroativas.

Nova era de transparência fiscal

Com a atualização das regras, a Receita Federal pretende equilibrar o nível de controle entre bancos tradicionais, fintechs e carteiras digitais.

O objetivo é garantir transparência e equidade na fiscalização, coibindo fraudes e sonegação.

Em resumo, o Pix não está sendo tributado, mas entrou definitivamente no radar do Fisco — um passo importante rumo a uma fiscalização mais moderna, automatizada e eficiente.

*Com informações do Terra

Gabriel Yuri Souto

Gabriel Yuri Souto

Redator e gestor de tráfego. Especialista em SEO. Colabora com Portal 6 desde 2023.

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