Mudança no Código de Trânsito Brasileiro pode impedir apreensão de carros por IPVA atrasado
Nova proposta busca separar o licenciamento do pagamento de impostos e multas, garantindo mais segurança jurídica aos motoristas

Uma proposta de mudança no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) pode acabar com a apreensão de veículos por Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ou multas atrasadas, desde que a taxa de licenciamento anual esteja quitada.
O texto, atualmente em discussão no Congresso Nacional, altera as regras de fiscalização e promete reduzir autuações por questões tributárias em todo o país.
Licenciamento independente de IPVA e multas
Pela proposta, o veículo será considerado licenciado assim que a taxa anual estiver paga, sem a exigência de quitar débitos de IPVA ou multas para emissão do documento.
Na prática, isso significa que o motorista poderá circular normalmente se o licenciamento estiver em dia — mesmo que existam pendências fiscais.
A medida também prevê que o pagamento da taxa possa ser feito diretamente durante uma blitz, mediante apresentação do boleto e do comprovante.
Caso o sistema ainda não tenha atualizado a informação, o condutor poderá mostrar o recibo para evitar a remoção do veículo, o que reduz problemas causados por atrasos de processamento entre órgãos.
O que muda para motoristas e Detrans
Atualmente, o CTB exige que o licenciamento só seja emitido quando todos os débitos vinculados ao veículo estiverem quitados, incluindo tributos e penalidades.
Com a mudança, apenas a taxa de licenciamento passa a ser condição para validar o documento.
O objetivo é desvincular obrigações de natureza tributária da circulação do veículo, mantendo o foco da fiscalização na segurança viária.
O IPVA e as multas continuariam sendo cobrados pelos meios administrativos e judiciais adequados, mas não serviriam mais como motivo para apreensão.
A proposta também exige que os Detrans criem sistemas que permitam o pagamento e a comprovação em tempo real, inclusive durante operações de trânsito.
Isso garante que o motorista possa regularizar o documento imediatamente e seguir viagem sem precisar aguardar compensações bancárias.
Impactos e próximos passos
Segundo especialistas, como o professor Carlos Augusto Elias, a mudança representa uma reorganização da atuação dos Detrans e traz mais equilíbrio entre a cobrança de tributos e o direito de circulação.
O educador destaca que o foco do licenciamento deve ser a segurança e a identificação veicular, não a arrecadação.
A proposta já foi aprovada em comissão técnica no Senado Federal e agora avança para as próximas etapas do processo legislativo.
Se sancionada, a nova redação deve reduzir significativamente o número de apreensões por IPVA e multas, além de simplificar a fiscalização e os procedimentos de regularização durante abordagens.
Até a aprovação final, porém, as regras atuais continuam valendo — ou seja, o veículo ainda pode ser apreendido se houver débitos pendentes.
A expectativa é que, com a nova lei, a fiscalização se torne mais justa, prática e alinhada à realidade de milhões de motoristas brasileiros.