Conheça a cidade brasileira cuja altura dos moradores não passa de 1,40 m: “terra dos anões”

Isolamento geográfico, genética rara e muita resiliência marcam a história do município que virou caso único no mundo

Magno Oliver Magno Oliver -
Conheça a cidade brasileira cuja altura dos moradores não passa de 1,40 m: “terra dos anões”
Itabaianinha, no interior de Sergipe. (Foto: Reprodução)

Um pequeno município no interior de Sergipe ganhou fama nacional e internacional por um motivo incomum: a alta concentração de pessoas com nanismo.

Trata-se de Itabaianinha, apelidada popularmente — e de forma polêmica — de “terra dos anões”.

Por trás do apelido curioso existe uma história que mistura ciência, genética e identidade cultural.

Ao longo de gerações, o município se tornou referência para pesquisadores e exemplo de uma comunidade que aprendeu a transformar uma condição hereditária em símbolo de orgulho e resistência.

Como tudo começou

O fenômeno teve origem no povoado rural de Carretéis, pertencente a Itabaianinha.

Durante séculos, o isolamento geográfico da região favoreceu o casamento entre parentes próximos, o que contribuiu para a disseminação de uma mutação genética rara, conhecida como Deficiência Isolada do Hormônio do Crescimento (DIGH).

Essa condição impede a produção adequada do hormônio responsável pelo crescimento, levando ao nanismo com proporções corporais normais, diferente de outros tipos mais conhecidos da condição.

A altura média dos moradores afetados varia entre 1,05 m e 1,35 m, podendo chegar, no máximo, a 1,40 m.

Em Carretéis, chegou-se a registrar uma incidência de 1 caso para cada 32 habitantes, um número extremamente acima da média mundial.

Ao longo de oito gerações, mais de 130 pessoas nasceram com DIGH, tornando o município um dos casos mais estudados da medicina moderna.

Reconhecimento e repercussão internacional

A particularidade genética de Itabaianinha chamou a atenção de pesquisadores, jornalistas e veículos internacionais. Nos anos 1980 e 1990, reportagens em redes como a CNN ajudaram a projetar o nome da cidade no exterior.

Em 1993, o jornalista italiano Marco Sanvoisin visitou o município e descreveu seus moradores como “criaturas doces e diferentes, que parecem ter saído de um livro de fadas”, uma fala que, embora tenha despertado curiosidade, também levantou debates sobre estigmatização e respeito às diferenças.

Mais recentemente, a CNN Brasil retomou o tema em reportagens especiais, destacando o impacto científico e social do caso — e a forma como a cidade soube lidar com a fama inesperada.

Cultura e identidade

Apesar dos desafios, Itabaianinha construiu uma identidade única, baseada em solidariedade e orgulho cultural.

A banda sergipana Siri Mania chegou a homenagear a cidade na música “Sou de Itabaianinha”, celebrando a força e o espírito acolhedor de seu povo.

Hoje, o município é lembrado não apenas por sua singularidade genética, mas também por sua hospitalidade, tradições e histórias de superação.

Símbolo de diversidade e superação

Atualmente, Itabaianinha é estudada por universidades e médicos do mundo inteiro, que buscam compreender os aspectos genéticos e sociais da DIGH.

Mas, acima de tudo, a cidade se tornou um exemplo de respeito à diversidade humana — um lugar onde a diferença se transformou em identidade.

Entre serras e ruas tranquilas do interior de Sergipe, Itabaianinha segue orgulhosa de suas origens, mostrando que a grandeza de um povo não se mede em centímetros, mas em história, cultura e dignidade.

Magno Oliver

Magno Oliver

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Escreve para o Portal 6 desde julho de 2023.

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