Cidade brasileira com 160 mil km² está entre as três que mais emitem gases do efeito estufa no mundo

Apesar de seu território imenso e de sua importância estratégica para a Amazônia, ela também figura entre as maiores emissoras de gases do efeito estufa do planeta

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Cidade brasileira com 160 mil km² está entre as três que mais emitem gases do efeito estufa no mundo
(Foto: Reprodução)

Uma cidade brasileira acaba de chamar a atenção do mundo por um motivo alarmante.

Apesar de seu território imenso e de sua importância estratégica para a Amazônia, ela também figura entre as maiores emissoras de gases do efeito estufa do planeta.

Esse contraste entre grandeza natural e impacto ambiental levanta um alerta sobre como o desmatamento e o avanço econômico desordenado continuam ameaçando o equilíbrio climático.

Cidade brasileira com 160 mil km² está entre as três que mais emitem gases do efeito estufa no mundo

Estamos falando de Altamira, no sudoeste do Pará.

Essa cidade brasileira impressiona por seus números: com 159,5 mil km², ela é a terceira maior cidade do mundo em extensão territorial — maior até que países como Portugal, Irlanda, Islândia e Suíça.

No entanto, por trás dessa grandiosidade, há uma realidade preocupante.

Segundo dados do Observatório do Clima e do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), Altamira é a cidade brasileira que mais libera gases de efeito estufa (GEE).

Somente em 2019, foram mais de 35 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) lançadas na atmosfera. O principal vilão?

O desmatamento, agravado por queimadas, expansão agropecuária e extração ilegal de madeira.

O problema não é isolado. Das dez cidades que mais emitem gases de efeito estufa no Brasil, oito estão na Amazônia.

Além de Altamira, o ranking inclui São Félix do Xingu (PA), Porto Velho (RO), Lábrea (AM), Pacajá (PA), Novo Progresso (PA), Colniza (MT) e Apuí (AM).

Já São Paulo e Rio de Janeiro aparecem na lista por causa da concentração urbana e das emissões do setor energético.

Amazônia sob pressão

Altamira é um retrato dos desafios da Amazônia.

O município enfrenta uma combinação de fatores críticos: avanço do desmatamento, disputas de terra, pobreza urbana e conflitos sociais.

Com mais de 126 mil habitantes, a cidade já registrou índices de violência três vezes acima da média nacional — reflexo da pressão por território e recursos naturais.

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, intensificou essas tensões.

O empreendimento alterou o curso do rio, afetou ecossistemas inteiros e comprometeu a subsistência de comunidades ribeirinhas e indígenas.

Um estudo da revista Conservation Biology revelou que a usina contribuiu para o aumento da seca e a redução da pesca tradicional, mudando o modo de vida local.

A empresa responsável, Norte Energia, contesta os dados, alegando que os impactos já haviam sido previstos e compensados.

Terra indígena e resistência cultural

Apesar das dificuldades, Altamira é também sinônimo de resistência.

O município abriga 52 aldeias indígenas, como Arara, Iriri, Kararaô, Kwatinemu, Marupai e Tukaya — comunidades que mantêm viva a cultura ancestral e lutam diariamente pela preservação da floresta.

Em 2025, Altamira foi palco dos Jogos Indígenas do Xingu, reunindo 14 etnias em celebrações esportivas, danças e rituais.

O evento simbolizou a força dos povos originários diante das ameaças ambientais e sociais que se intensificam na região.

A “Princesinha do Xingu”

Conhecida como “Princesinha do Xingu”, Altamira se estende às margens do rio que dá nome à cidade.

É um território de contrastes: de um lado, uma beleza natural exuberante; de outro, o impacto crescente das atividades humanas.

Essa cidade brasileira se tornou o espelho do dilema amazônico — entre o desenvolvimento econômico e a urgência climática.

À medida que o mundo busca reduzir as emissões e conter o aquecimento global, o futuro de Altamira será decisivo não apenas para o Pará, mas para todo o planeta.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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