Japão avança e se aproxima de lançar medicamento que pode fazer crescer novos dentes para adultos e acabar com implantes no futuro
Pesquisadores japoneses testam um medicamento capaz de estimular o nascimento de dentes naturais em adultos

O que por décadas pareceu ficção científica começou a tomar forma real no Japão, onde pesquisadores avançam no desenvolvimento de um medicamento que pode fazer nascer novos dentes em adultos.
A proposta, que já passou por testes bem-sucedidos em animais, entrou na fase mais aguardada: os ensaios clínicos em humanos. O estudo envolve um anticorpo experimental capaz de reativar mecanismos naturais do corpo que ficam “adormecidos” após a formação da dentição definitiva.
O objetivo é oferecer, no futuro, uma alternativa aos implantes dentários ao estimular biologicamente a formação de um dente natural.
Embora ainda esteja nos primeiros estágios clínicos, o medicamento chamou atenção de revistas internacionais e especialistas em odontologia, que veem no projeto uma das iniciativas mais promissoras dos últimos anos. Caso os resultados continuem positivos, o tratamento poderá inaugurar uma nova fase da odontologia regenerativa.
Como o medicamento japonês atua bloqueando a proteína que impede o nascimento de novos dentes
O remédio desenvolvido pela equipe da Kyoto University e da startup Toregem Biopharma utiliza um anticorpo monoclonal projetado para bloquear a proteína USAG-1, conhecida por impedir que novos dentes se formem.
Durante a infância, esse mecanismo natural é importante para controlar o número de dentes, mas, na vida adulta, ele funciona como um freio absoluto para qualquer regeneração. Ao neutralizar essa proteína, o medicamento libera o organismo para reiniciar o processo de formação dentária.
Nos testes com ratos e furões, a técnica se mostrou capaz de estimular o crescimento de dentes completamente novos, com estrutura semelhante aos naturais.
Esses resultados abriram caminho para o início dos testes clínicos em pessoas, já que o mecanismo parece agir de forma segura e previsível. A expectativa é que o mesmo efeito observado nos animais possa ser replicado em seres humanos com falhas ou perdas dentárias.
Por que o estudo em humanos representa um avanço decisivo para a odontologia regenerativa
A fase atual da pesquisa envolve adultos entre 30 e 64 anos que possuem ao menos um dente faltando. Essa etapa, realizada em hospitais universitários de Kyoto, serve para avaliar segurança, possíveis efeitos colaterais e a melhor dosagem do medicamento.
Embora ainda não seja o momento de observar dentes nascendo, os pesquisadores precisam confirmar que o anticorpo pode ser usado sem riscos antes de avançar para fases mais ambiciosas.
Se a segurança for comprovada, os estudos seguirão para crianças com anodontia ou oligodontia, condições genéticas em que vários dentes não se desenvolvem.
Nesses casos, a expectativa é mais imediata, já que o organismo jovem tende a responder melhor a estímulos de crescimento. A aprovação dessa etapa poderia acelerar a expansão do uso para adultos que perderam dentes por cárie, trauma ou doenças periodontais.
O que a descoberta pode representar para o futuro dos implantes dentários
Para especialistas, a possibilidade de crescer dentes naturais no futuro pode transformar completamente os tratamentos odontológicos.
Implantes e próteses, embora eficazes, exigem cirurgias, manutenção e substituições ao longo da vida. Se o medicamento conseguir estimular a formação de dentes funcionais, muitos desses procedimentos poderão ser reduzidos ou substituídos por terapias regenerativas mais simples e duradouras.
Ainda assim, não há expectativa de que a tecnologia substitua os implantes de imediato. Além disso, a resposta ao medicamento pode variar entre indivíduos, e fatores como idade, saúde óssea e condições bucais prévias podem influenciar os resultados.
Mesmo com essas limitações, a comunidade científica vê o avanço japonês como o passo mais concreto já dado em direção à regeneração dentária.
Quando o medicamento pode chegar ao mercado e quais desafios ainda existem
A meta anunciada pelos pesquisadores é lançar o medicamento por volta de 2030, desde que todas as fases clínicas confirmem eficácia e segurança.
Antes disso, será necessário concluir o acompanhamento de adultos, iniciar estudos com crianças, analisar a resposta do organismo a longo prazo e garantir que o novo dente cresça de forma saudável e funcional.
Esses passos são essenciais para que o tratamento seja aprovado pelas autoridades sanitárias japonesas e, futuramente, internacionais.
Mesmo com o longo caminho pela frente, a pesquisa já muda a forma como dentistas e cientistas encaram a possibilidade de regeneração.
Contudo, caso a terapia se consolide, o nascimento de novos dentes poderá deixar de ser um conceito experimental e se transformar em solução real para milhões de pessoas que perderam a dentição ao longo da vida.
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