A cachoeira de sangue que intriga turistas e a explicação de por que a água que sai dela é vermelha

Esse cenário desperta interesse porque combina beleza, mistério e ciência

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
A cachoeira de sangue que intriga turistas e a explicação de por que a água que sai dela é vermelha
(Foto: Divulgação/Fundação Nacional de Ciências)

A cachoeira de sangue é um dos fenômenos naturais mais curiosos do planeta e muita gente se pergunta como uma água tão vermelha pode existir em um lugar tão gelado.

Esse cenário desperta interesse porque combina beleza, mistério e ciência em um único lugar, o que prende a atenção de turistas e pesquisadores.

Por isso, vale a pena entender o que realmente acontece por trás dessa tonalidade intensa e por que essa queda-d’água continua impressionando o mundo.

Um mistério que intrigou cientistas por mais de um século

A famosa cachoeira de sangue fica na Geleira de Taylor, na Antártida.

Ela foi descoberta em 1911 pelo geólogo Thomas Griffith Taylor e, desde então, se tornou um dos pontos mais estudados do continente branco.

A água avermelhada escorre diretamente para o Lago Bonney e cria uma paisagem completamente diferente de tudo que se espera em um ambiente congelado.

Durante décadas, acreditou-se que o tom vermelho vinha de algas.

No entanto, essa hipótese caiu por terra após análises modernas que revelaram uma explicação muito mais surpreendente.

Pesquisadores americanos descobriram que a cor vem de nanoesferas ricas em ferro presentes em um reservatório subterrâneo de água super-salgada, isolado há mais de um milhão de anos.

Quando essa água entra em contato com o oxigênio da superfície, o ferro se oxida e deixa o tom vermelho vivo, semelhante à ferrugem.

Uma água antiga que não congela

O subsolo da Geleira de Taylor guarda um reservatório de água extremamente salgada.

Com mais de 13% de sal, esse líquido consegue permanecer em estado líquido mesmo em temperaturas abaixo de zero.

Isso acontece porque, à medida que a água congela, ela libera calor, aquecendo o gelo ao redor e mantendo parte do reservatório descongelado.

Essa condição única preservou a água por mais de um milhão de anos.

Além disso, o fluxo lento que chega à superfície cria o efeito visual que tanto fascina visitantes.

Vida escondida sob o gelo

O interior da geleira abriga microrganismos que sobrevivem há milhões de anos em um ambiente extremo.

Eles se alimentam de ferro e enxofre e vivem isolados da luz e do ar.

Assim, a cachoeira de sangue se tornou um laboratório natural para estudar como a vida pode persistir em condições tão hostis.

Pesquisadores utilizam técnicas parecidas com as usadas em Marte para analisar esse ambiente, o que reforça o interesse no fenômeno.

A microbióloga Jill A. Mikucki, por exemplo, já investigou esse ecossistema subglacial usando métodos semelhantes aos aplicados por rovers marcianos.

Dessa forma, a Antártida oferece uma oportunidade única para entender como a vida poderia existir fora da Terra.

O que a cachoeira de sangue revela sobre outros planetas

A descoberta das nanoesferas também levantou uma questão importante: talvez muitas formas de matéria presentes em Marte não estejam sendo detectadas pelos robôs enviados até lá.

Isso acontece porque os equipamentos dependem de estruturas cristalinas para identificar minerais.

Como as nanoesferas da cachoeira de sangue não possuem cristalização, elas passam despercebidas.

Por isso, novos instrumentos são essenciais para ampliar o conhecimento sobre ambientes gelados de outros mundos.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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