Polícia de SP investiga suposto caso de racismo em vagão do metrô

Suspeita, que é branca, saiu do local escoltada por seguranças e todos os envolvidos foram levados à delegacia para prestar depoimento

Folhapress Folhapress -
Polícia de SP investiga suposto caso de racismo em vagão do metrô
(Foto: Reprodução)

(FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de São Paulo investiga um suposto caso de racismo contra uma mulher negra em um vagão da linha 1-azul do Metrô no final da tarde desta segunda-feira (2). O episódio provocou protestos e princípio de tumulto na estação Ana Rosa, na Vila Mariana, zona sul da capital.

O caso foi registrado como injúria racial no 27º Distrito Policial, no Campo Belo (zona sul). A suspeita foi liberada após prestar depoimento.

Segundo as informações registradas em boletim de ocorrência, a vítima, Welica Senra Ribeiro, 35, afirmou que estava com a família, que é do Rio de Janeiro, quando uma mulher, que é branca e loira, disse: “Toma cuidado com seu cabelo, porque está próximo do meu rosto e pode me causar doença”.

Welica, que tem cabelos crespos, declarou ter respondido: “Quer que eu raspe meu cabelo para você ficar à vontade?”.

O irmão de Welica, Jhonantha Ribeiro, afirmou que conversava com a mãe e que percebeu uma situação. Ele questionou a mulher e gravou parte da discussão. Outros passageiros ficaram indignados e protestaram na estação Ana Rosa gritando “racista, racista”.

A mulher branca saiu do local escoltada por seguranças do Metrô e todos os envolvidos foram levados à polícia para prestar depoimento.

À polícia, Agnes Vadja, 44 anos, afirmou que é de nacionalidade húngara, que mora no Brasil há cinco anos e que, em geral, compreende bem a língua portuguesa.

Ela disse que estava sozinha no interior do metrô quando sentiu que o cabelo de uma pessoa estava encostando nas suas costas e que não percebeu de quem era. Na sequência, declarou, se ajeitou no assento para se afastar dos cabelos e disse para a pessoa que estava atrás: “Se cuida porque se tiver alguém que tem doença com o cabelo, talvez você pode pegar”.

Agnes afirmou no depoimento, segundo o boletim de ocorrência, que apenas “queria dar uma dica” para a outra pessoa, que não estava se importando se o cabelo dela era liso ou crespo e que não quis ofendê-la.

Ela ainda declarou que escolheu viver no Brasil porque não tem preconceito com relação à raça e cor das pessoas.
Em uma rede social, uma pessoa com o mesmo nome da suspeita se identificou como funcionária do Consulado da Hungria em São Paulo.

Por telefone, um funcionário disse que o consulado estava ciente do caso e que não iria se manifestar enquanto ocorre o inquérito policial.

O consulado também foi procurado por email para que a funcionária entrasse em contato com a reportagem, que também deixou mensagem em uma rede social em nome dela.

Em nota oficial, o Metrô informou que duas passageiras se desentenderam e uma delas foi acusada de injúria racial. “Os agentes de segurança do Metrô atuaram na proteção das partes. A PM foi acionada e as encaminharam para a delegacia.”

Com celulares nas mãos e aos gritos, dezenas de passageiros acompanharam a mulher até a saída, e imagens gravadas mostram que os seguranças precisaram conter a aproximação de algumas pessoas. Ela cobriu o rosto no trajeto.

Jhonantha Ribeiro afirmou à polícia que vai apresentar os vídeos que gravou com o celular o 36º Distrito Policial.

OUTROS CASOS

No dia 26 de abril, um torcedor do Boca Juniors (ARG) foi detido na Neo Química Arena, em Itaquera, após ser flagrado fazendo um gesto racista contra a torcida do Corinthians, durante partida pela fase de grupos da Copa Libertadores.

O comerciante argentino Leonardo Ponzo, 42, não pagou a fiança de R$ 3 mil imposta a ele. O valor foi quitado pelo consulado argentino em São Paulo.

Ponzo foi filmado por torcedores do Corinthians fazendo gestos de macaco em direção aos brasileiros e depois identificado pelas câmeras de segurança do estádio.
Ao retirarem Ponzo da arquibancada, os policiais foram aplaudidos pelo público na Neo Química Arena.

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