Fila para transplante de órgãos em Goiás tem mais de 1,5 mil pacientes
No ano passado, 86 pessoas foram contempladas com a benevolência de doadores. Em Anápolis, houve captação de oito órgãos em 2022
A fila para transplante de órgãos em Goiás tem 1.543 pacientes, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES). O número é alto, principalmente quando se considera que, em 2021, houve apenas 86 contemplados no estado.
O levantamento da SES, a pedido do Portal 6, aponta que, neste ano, apenas 19 doações foram efetivadas.
A maior parte das pessoas que aguarda na fila espera por um transplante de córnea. São 1,3 mil goianos nessa situação. Também há 234 aguardando rins e outros nove por fígado.
A doação de órgãos volta a ser tema após o grave acidente de trânsito provocado por uma racha entre amigos, em Goiânia, que tirou a vida de Marcella Sonia Gomes do Amaral, de 15 anos, e de Wictor Fonseca Rodrigues, de 20 anos.
O pai de Wictor decidiu doar os órgãos do filho, que teve morte cerebral três dias depois da fatalidade que o vitimou.
A gerente de transplantes da SES, Katiúscia Freitas, contou que, atualmente, a Central de Transplantes conta com três unidades especializadas, denominadas “Organizações de Procura de Órgãos”, que divide regionais no estado.
“A gente dividiu o estado em três. Nós temos uma unidade dentro do Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA), uma dentro do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL) e uma dentro do Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr.Valdemiro Cruz (HUGO)”, afirmou.
“Essa unidade dentro do HEANA é para cuidar e acompanhar todos os casos de notificações de morte encefálica, doações de órgãos que tem nessa região de Anápolis e todo o entorno”, explicou.
Os dados específicos da fila de espera em Anápolis não foram disponibilizados, uma vez que são gerais. Porém, segundo a pasta, neste ano, oito órgãos já foram captados pelo HEANA. Foram seis rins e duas córneas de três doadores diferentes.
Ao Portal 6, o coordenador da Unidade de Tratamento Intensivo e médico da Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), Marcelo Lagreca Melo, falou da importância das doações e como elas podem salvar outras vidas.
“A doação de órgãos é essencial, em especial para pacientes que são acometidos por algumas doenças graves e terminais. Em muitos casos, permanecem com uma qualidade de vida reduzida, quadro esse que pode se agravar. Esse agravamento tende a piorar e pode culminar com o óbito, caso não seja feito o transplante”, afirmou.
“Nesse sentido, doar órgãos é salvar vidas. Um ato humano e um gesto de generosidade cuja escolha deve ser feita ainda em vida. Quem deseja se tornar um doador deve informar sua família sobre essa escolha”, finalizou.