“Sou vista como empresária, não apenas como dona do puteiro”, diz Maria Machadão
Dona da casa de entretenimento adulto mais famosa de Goiás agora é candidata a deputada federal pelo Avante e acredita que será eleita
“Foi, e ainda é, difícil ser Maria Machadão”. Na terceira pessoa, Maria Nunes Perdigão, 65 anos, a Maria Machadão, candidata a deputada federal pelo Avante, conta os bastidores da busca por votos em uma rotina diferente da de empresária do ramo de entretimento adulto.
Proprietária da Estância MM, Machadão é uma figura folclórica, como se autodefine. “Sou vista como empresária, não apenas como dona do cabaré, dona do puteiro”, diz, antes de detalhar os motivos que a levaram à candidatura.
“Vendo as necessidades do meio que eu convivo, percebi a dificuldade das mães solteiras que já trabalharam comigo de não conseguir vagas em Cmeis. Vou propor ainda acompanhamento de psicólogos aos seus filhos”, detalha.
Expert na rotina da noite, Machadão ainda defende pautas que dariam dignidade para quem trabalha na noite em ofícios como o de garçom. “Com direito ao INSS. E também pro manobrista, barman e DJ’s. E às diaristas”, acrescenta.
Maria Machadão é mãe de quatro filhos, entre elas uma odontóloga. Ela também já tem quatro netos e dois bisnetos.
Natural de Ceres, ela contou ao Portal 6 que os perrengues na vida começaram ainda bebê. Quando tinha oito meses de idade foi com a família para Porangatu, onde o pai, plantador de arroz, perdeu tudo em uma inundação.
Depois, ainda criança, viveu em ocupação irregular às margens da Marginal Botafogo, no Setor Pedro Ludovico. “Ali passamos muita fome, tinha que comer rabanada e batata doce. Só”, lembra.
A agora candidata a deputada federal evita falar sobre como entrou no ramo ao qual se tornou célebre, mas comenta como é a realidade da Estância MM por outro ângulo.
“Na minha casa já teve moça construindo família, crescendo na vida, ganhando dignidade. Por isso tenho pautas para elas, muitas mães solteiras”.
Sobre a regulamentação do trabalho das profissionais do sexo, Maria Machadã0 lembra que esse é um assunto que não anda na Câmara dos Deputados. “Já tem algo [projeto] em andamento lá e vou contribuir”, promete. Projetos de leis que endureçam a discriminação e violência doméstica também sairão do gabinete dela, caso seja eleita.
Enquanto falava ao telefone com a Seção Rápidas, parava às vezes para cumprimentar clientes que chegavam ao estabelecimento e pensava no que dizer no 7° podcast que participaria desde que anunciou a candidatura.
“O podcast é uma ótima saída. As pessoas participam, fazem perguntas e a gente pode ser de verdade”, afirma ela, que desde quarta-feira (31), passou a ter 10 segundos de espaço no programa eleitoral para pedir votos.
“Dei de mim o que tinha que ser feito para o ramo e não vulgarizei. Sou respeitada e acredito que terei votos de todos os segmentos”, diz, antes de revelar que tem tomado uma precaução.
“Evito pedir votos nas feiras. Posso me encontrar com clientes com suas esposas e posso perder esses votos. Mas acredito que serei eleita”, diz, sorrindo, se despedindo da Rápidas, enquanto recepciona uma pessoa famosa. “Não diz quem é”, pediu.