Dez pontos para lidar com a violência que assola as escolas no Brasil
Alinhavei dez tópicos que penso serem relevantes para termos ações efetivas e conscientes
Muito se tem discutido sobre a segurança nas escolas e todas as questões sociais, culturais e educacionais que envolvem esse tema. Alinhavei dez pontos que penso serem relevantes para termos ações efetivas e conscientes:
Ação 1 – Combate ao bullying, brincadeiras de mau gosto, perseguições, violência psicológica e física dentro das escolas. Essa situação pode ser dirimida com a presença de psicólogos nas escolas, para acompanhar também as famílias, mediar os conflitos entre alunos e a comunidade escolar, identificar casos e acompanhar demandas emergenciais.
Ação 2 – Negligência parental, abandono familiar, principalmente paterno. O fato de as famílias não estarem presentes na rotina do estudante influencia seus resultados e seu comportamentos. Os responsáveis precisam ampliar o diálogo e a confiança, estreitar laços e criar canais de comunicação.
Ação 3 – Vulnerabilidade financeira e social dos jovens. Situação que prejudica o acesso à educação, cultura, lazer, moradia, esporte. Tudo que é importante para o desenvolvimento da saúde mental. As políticas públicas são muito importantes para a formação das crianças e adolescentes. Destaco aqui a necessidade de escolas em tempo integral e de fortalecimento dos programas de esporte e cultura.
Ação 4 – Importância da ação dos órgãos de segurança no monitoramento de grupos que dominam jogos nas redes sociais, incentivando a violência, suicídio e atentados. O poder público deve monitorar os ambientes virtuais. Isso implica em mudar legislações.
Ação 5 – Combater a disseminação de posicionamentos racistas e misóginos na Internet. Discursos que antes aconteciam no ambiente da deep web e que, hoje, estão abertos nas redes sociais. Nesse caso, escola, família e poder público tem suas responsabilidades.
Ação 6 – Ação conjunta do poder público e a sociedade civil para enfrentar o problema atual, que culminou nos eventos registrados nas escolas brasileiras no mês de abril. É preciso ainda apoiar as escolas públicas e criar formas de orientar e apontar caminhos.
Ação 7 – Se atentar para o processo de proliferação de células neonazistas no Brasil. Isso é uma realidade.
Ação 8 – Garantir a segurança no acesso aos prédios escolares, observar quem entra nas escolas. Que os pais e responsáveis observem as mochilas, e objetos que os estudantes levam para a escola, não podemos atribuir essa tarefa aos professores.
Ação 9 – Uma educação de qualidade se faz com professores e profissionais valorizados, com piso e data base respeitados, direitos garantidos e condições de trabalho. É impossível construir faltando auxiliares de sala, cuidadores e professores de apoio. A Inclusão não acontece!
Ação 10 – Fortalecer os serviços de saúde mental, contratando mais psiquiatras e psicólogos para os CAPS, e criando uma rede de atendimento eficiente e que tenha comunicação com a rede de educação, identificando possíveis transtornos e casos de saúde mental ainda na infância/adolescência, oferecendo tratamento adequado e acompanhamento.
Marcos Carvalho é professor, psicólogo e servidor público federal. Atualmente, vereador em Anápolis pelo Partido dos Trabalhadores. Escreve todas às terças-feiras. Siga-o no Instagram.