Entenda por que donos de carros elétricos poderão ter problemas nos próximos anos em Goiás
Mercado de mecânica adota medida cautelosa por receio de investimentos não terem retorno adequado
Perante o crescimento de emplacamentos de carros eletrificados em Goiás, o mercado de reparação optou por assumir uma posição conservadora. Com medo do investimento pesado e necessidade de treinamento extensivo, profissionais da área aguardam a demanda bater à porta.
Goiás já conta com uma frota de carros eletrificados que ultrapassa 3 mil – um número que quase dobrou em apenas dois anos, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran Goiás). No entanto, a maior parte segue no período de garantia das indústrias, que chega a ser de 8 anos.
“É uma fatia do mercado que ainda não chegou na rede de reparos independente. Não está nem nas próprias concessionárias, a não ser em casos específicos de falha de fabricação ou desgaste. É tudo muito novo”, apontou o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de Goiás (Sindirepa), Mário Barbosa Arruda.
Ao Portal 6, o representante explica que, como a demanda ainda é mínima em comparação com os carros térmicos (etanol e gasolina), poucas oficinas oferecem serviços. Ainda que dificilmente ocorram falhas ou desgaste, ainda há casos de colisão e manutenções básicas, demanda que recai sobre as poucas opções capacitadas existentes em Goiânia.
De acordo com o profissional credenciado pela JAC Motors e proprietário da Menno Car Service, Alyson Nogueira, a empresa recebe, semanalmente, de 6 a 10 carros. Alyson foi contactado pela montadora, que visava capacitar representantes na capital diante da falta de concessionárias, em 2022. Na ocasião, ele enviou um técnico para realizar o curso em São Paulo.
Diferente de carros térmicos, os reparos e manutenções precisam ser realizados por pessoas capacitadas por conta do sistema de alta tensão que oferece perigo fatal aos desinformados. Até a troca de um pneu demanda atenção especial, segundo o presidente da Sindirepa, que também destacou a necessidade de equipamentos e espaço destinado ao tratamento de modelos eletrificados devido ao perigo.
“Goiás está nesse compasso de espera, até porque não adianta fazer um investimento para atender nem 1 carro por dia. Eu corro o risco de montar uma estrutura hoje que vai ter um fluxo daqui a 1 ou 2 anos e se tornar obsoleto, porque a tecnologia vai avançar, as baterias vão mudar, se tornar mais potentes”, disse Mário.
A passividade causada pela cautela, no entanto, pode culminar em uma situação perigosa – de que, com a popularização, haja reparos sem a devida capacitação.
Atualmente, já há opções de cursos no estado, como o oferecido pelo SENAI e Escola do Mecânico, no que tange ao veículo híbrido. Porém, segundo Mário, a adesão é baixa. “Essa é minha maior preocupação”, ressaltou o presidente do Sindirepa.