Os reflexos do terremoto de magnitude 7,3 que atingiu Antofagasta, no Chile, ocorrido a uma profundidade de 128 km, na noite desta quinta-feira (18), chacoalharam o feixe de elétrons do acelerador de partículas Sirius, em Campinas, às 22h55, de acordo com o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais).
Foram relatados reflexos do abalo sísmico em pelo menos 15 cidades do estado, incluindo Campinas.
O Sirius é um dos mais avançados equipamentos de pesquisa do Brasil e um dos três de 4ª geração do mundo.
Segundo o CNPEM, há vários monitores de posição no anel, chamados de BPMs (Beam Position Monitor, na sigla em inglês) que ficam medindo a posição do feixe de luz com grande precisão.
Inclusive, há um sistema de correção de órbita que atua para que o feixe seja mantido na posição bem estável nesses BPMs para não afetar o funcionamento e aplicação dos feixes nas pesquisas.
De acordo com o CNPEM, o período de maior instabilidade foi detectado por cerca de dois minutos.
“Normalmente, a estabilidade de posição é da ordem de 100 nanômetros. Quando teve o terremoto, chacoalhou. Então, nos gráficos chegaram a amplitudes de 10 a 20 micrômetros. É bem maior do que a posição que normalmente a gente tem, que é de centenas de nanômetros”, afirmou a Liu Lin, chefe da Divisão de Aceleradores do CNPEM.
O micrômetro é 1.000 vezes menor que o milímetro, enquanto o nanômetro é 1.000 vezes menor que o micrômetro.
Na imagem, o gráfico vermelho, que é um monitor de posição, está num loop de correção lenta. E o BPM azul, ele está num loop de correção rápida. Então, nota-se, de acordo com o CNPEM, que esse BPM azul conseguiu controlar a órbita bem mais rápido do que o outro BPM que está na correção lenta.
O Sirius é composto por três aceleradores de elétrons, capazes de gerar a luz síncrotron, espectro que viaja a uma velocidade próxima a 300 mil km segundo e permite visualizar partículas microscópicas com nitidez. Sua infraestrutura tem o tamanho de um campo de futebol e contou com um investimento de R$ 1,8 bilhão.