Profissional relembra dia para lá de emocionante de cliente que passava por momento difícil, em Anápolis
Nesse difícil contexto, os filhos dela tinham pedido para ela um presente de natal: vê-la arrumada novamente
Se engana quem pensa que um corte de cabelo serve apenas para “sextar na régua” ou tirar onda. A prática possui toda uma força e representatividade simbólica, que dialoga diretamente com a autoestima e autoimagem das pessoas, como conta, no dia em homenagem à profissão, o Dia do Cabeleireiro, Rosirene Pereira, que atua em Anápolis.
Ao Portal 6, ela contou uma ocasião na qual atendeu uma cliente que havia passado por uma tragédia familiar, que causou grande sofrimento e acabou virando a vida dela de cabeça para baixo, e ainda por problemas severos de saúde.
“Em dezembro de 2024, eu cheguei no salão e encontrei essa cliente, acompanhada do filho. Ela, aos prantos, me revelou que havia perdido o irmão recentemente e que também havia enfrentado um câncer no útero. Desde então, acabou entrando em depressão e passou o ano acamada”, relembrou.
Nesse difícil contexto, os filhos dela tinham pedido para ela um presente de natal: vê-la arrumada novamente. Como ela ainda sofria, acabou marcando e desmarcando várias vezes até resolver efetivamente comparecer ao salão.
“Assim, ao comparecer ao salão, ela me contou sobre a doença em si, a perda familiar, e falou o que queria que eu fizesse no cabelo. Aí eu fiz um diagnóstico do cabelo dela, nós marcamos uma data e, apesar de muito pensar em desistir, ela veio para o corte”, contou.
Indo além apenas do trabalho técnico de proporcionar uma nova estética, Rosirene fez um trabalho humano de escuta ativa, apoiando a mulher. Ela também relatou que, durante o corte, o filho tinha que ficar o tempo todo perto dela, já que não aceitava mais ficar sozinha.
“Como o processo foi um pouco demorado, teve uma hora que o filho saiu e ficou cerca de meia hora fora. Apesar do susto inicial, ela aguentou bem e, quando ele voltou, ela chorou e agradeceu a ele e a Deus, pois conseguiu ficar um tempo sozinha, em um ambiente sem nenhum dos filhos. Quando terminamos o corte então, você já imagina”, complementou, emocionada com a lembrança.
Segundo ela, ao terminar o corte ela se viu no espelho e novamente caiu em prantos. Agradecida, ela contou que ali conseguiu se ver novamente refeita, como era antes do câncer, do luto e da depressão enfrentados, se renovando de esperanças e dando um passo em direção à retomada da vida habitual.