Superdotada, brasileira de 13 anos quebra barreiras ao passar em 10 faculdades e ser aprovada em concurso público

História de Ana Joyce emociona e levanta debates sobre os desafios da educação para jovens de altas habilidades no Brasil

Magno Oliver Magno Oliver -
Superdotada, brasileira de 13 anos quebra barreiras ao passar em 10 faculdades e ser aprovada em concurso público
(Foto: Reprodução)

No interior do Acre, uma menina de apenas 13 anos tornou-se sinônimo de talento precoce e dedicação incomum.

Ana Joyce do Carmo Gomes, estudante do Colégio Militar Estadual Tiradentes, conquistou o que muitos adultos sonham durante toda uma vida: foi aprovada em 10 faculdades e garantiu o primeiro lugar em um concurso público da Prefeitura de Porto Acre, errando apenas duas questões.

Não foi a primeira vez que o nome da adolescente ecoou além das fronteiras de sua cidade. Em 2022, ainda com 11 anos, Ana já impressionava plateias ao representar o Acre em um concerto no lendário Teatro Amazonas, em Manaus.

Saxofone nas mãos, executou We Are the Champions, do Queen, para um público em pé de aplausos. Ali, já dava sinais de que o futuro lhe reservava feitos fora do comum.

Ana Joyce do Carmo Gomes, talento em pessoa. (Foto: Arquivo Pessoal/G1)

Uma rotina fora da curva

Entre provas, partituras e ensaios, Ana Joyce vive uma adolescência pouco parecida com a de colegas de sua idade.

Além da escola militar, ela é acompanhada pelo Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), que reconheceu suas aptidões extraordinárias.

Seu universo não se limita aos livros: domina mais de dez instrumentos musicais, do piano ao violino, mas é no saxofone que encontra sua maior paixão.

O concurso que virou manchete

Quando decidiu se inscrever no concurso público de Porto Acre, poucos imaginavam que uma adolescente seria capaz de superar candidatos experientes.

Mas Ana não apenas competiu: conquistou o primeiro lugar, em uma prova de alta exigência, confirmando que sua capacidade vai muito além dos limites da sala de aula.

Apesar do resultado, a mãe da jovem foi categórica: não pretende buscar na Justiça o ingresso imediato da filha em uma universidade.

A prioridade, explica, é preservar a infância, a maturidade e o equilíbrio emocional — mesmo diante de conquistas tão extraordinárias.

Foco da adolescente é cursar medicina. (Foto: Arquivo Pessoal/G1)

Faculdades como treino, medicina como destino

Das dez aprovações alcançadas, a única oficialmente confirmada é para Música na Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

As demais, em sua maioria, serviram como treino para o verdadeiro sonho da adolescente: cursar medicina. Para a família, cada vestibular funciona como ensaio para o futuro, não como meta em si.

O dilema da genialidade precoce

O caso de Ana Joyce expõe um dilema que atravessa famílias e escolas: é melhor acelerar o futuro de jovens superdotados ou respeitar seu tempo emocional e social?

Entre proteger a infância e explorar o talento sem limites, surge uma discussão que vai além da vida da menina e alcança a própria estrutura da educação brasileira.

O desafio do país

Pesquisas indicam que cerca de 5% da população brasileira tem altas habilidades, mas a maioria não recebe acompanhamento adequado.

Programas como o NAAH/S ainda são raros, professores não estão preparados e faltam currículos flexíveis. Resultado: talentos desperdiçados, frustrações acumuladas, oportunidades perdidas.

Em meio a essas falhas, a história de Ana Joyce brilha como metáfora. Sua trajetória mostra que a genialidade pode nascer em qualquer canto do país — mas cabe à educação transformar esse dom em oportunidade real.

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Magno Oliver

Magno Oliver

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Escreve para o Portal 6 desde julho de 2023.

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