Geração Z traz de volta uma das tendências gastronômicas mais controversas da década de 2010

Aos poucos, esse estilo volta a ganhar espaço, gerando curiosidade e até estranhamento em quem não está acostumado

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Geração Z traz de volta uma das tendências nas mesas de restaurantes
O hábito de dividir a mesa com desconhecidos reaparece entre os jovens (Foto: Reprodução/ Pexels)

A Geração Z está transformando a forma como muita gente encara a hora de comer fora.

Atualmente, essa geração traz de volta uma prática ligada a gastronomia que marcou a década de 2010: as mesas compartilhadas.

Aos poucos, esse estilo coletivo de comer volta a ganhar espaço, gerando curiosidade e até estranhamento em quem não está acostumado.

Talvez você esteja tentando entender por que tanta gente jovem está disposta a dividir uma mesa com desconhecidos.

A resposta, no entanto, é simples: conexão. A geração Z quer proximidade, espontaneidade e experiências reais.

Por isso, essa tendência que parecia ter desaparecido está retornando com força total.

Por que as mesas coletivas estão voltando

De acordo com novos dados da plataforma Resy, 90% dos jovens da geração Z dizem gostar de mesas compartilhadas.

Para comparação, apenas 60% dos boomers aprovam a ideia.

Ou seja: há uma diferença clara de comportamento entre gerações.

Para esses jovens, dividir uma mesa deixou de ser sinônimo de constrangimento e passou a representar uma oportunidade.

Eles enxergam o formato como um jeito fácil de socializar, conversar sem pressão e, quem sabe, conhecer alguém interessante — seja um novo amigo ou até um romance inesperado.

Além disso, o formato combina perfeitamente com outra tendência forte entre a Geração Z: os pratos compartilháveis.

Essa prática, que já virou padrão em muitos restaurantes, cria o cenário ideal para conversas espontâneas e experiências coletivas.

A experiência social que a Geração Z realmente quer

A pesquisa da Resy mostra que 63% das pessoas veem nas mesas compartilhadas um ótimo meio de conhecer gente nova.

Metade afirma já ter vivido conversas interessantes com desconhecidos nesses ambientes.

Um em cada três jovens diz ter feito um novo amigo assim — e um em cada sete já conseguiu até um encontro.

Para muitos, a mesa coletiva funciona como uma espécie de “escudo social”. Não é preciso iniciar a conversa, nem ser o centro das atenções.

O diálogo acontece naturalmente, no ritmo do grupo.

Isso ajuda especialmente quem é mais tímido, quem passou boa parte da vida online ou quem ainda está se readaptando ao mundo presencial depois da pandemia.

Além da conexão social, há fatores práticos: é mais barato, permite experimentar mais sabores e oferece uma experiência mais rica do que pedir comida para viagem.

Além disso, para eles, a estética dos longos bancos coletivos rende fotos perfeitas para as redes sociais — um detalhe que a Geração Z não ignora.

Um movimento que volta sempre em tempos de desconexão

Especialistas em gastronomia lembram que as mesas coletivas sempre ressurgem após períodos de grande distanciamento social.

Depois de 2001, após a crise financeira de 2008 e agora, no pós-pandemia, a busca por proximidade aumenta.

As pessoas querem sentir pertencimento, querem estar fisicamente próximas, querem calor humano.

E isso não poderia ser mais verdadeiro para a Geração Z, que está caminhando na direção contrária da hiper-tecnologia em algumas áreas.

Eles resgataram o uso de flip-phones, reduziram o tempo de tela e agora reinventam a maneira de estar com outras pessoas.

Restaurantes, por sua vez, voltam a ser espaços de convivência, e não apenas de consumo.

A mesa se transforma em palco para trocas genuínas, conversas longas, risadas e até momentos inesperados.

Viver experiências reais

A Geração Z não quer só refeições. Quer experiências que façam sentido.

É por isso que jantares caseiros, supper clubs e encontros menores também estão em alta.

Eles preferem momentos íntimos, acessíveis e cheios de significado.

Para essa geração, dividir uma refeição não é apenas uma prática gastronômica — é uma forma de construir conexões verdadeiras.

Como resume uma especialista: a Geração Z está recolocando as relações humanas no centro da mesa.

E talvez seja por isso que a tendência, antes polêmica, agora pareça tão natural.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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