Médica faz desabafo após ser agredida por paciente em UPA de Aparecida de Goiânia
Guarda Civil Municipal foi acionada e conduziu agressora até a delegacia, onde foi presa em flagrante

Com o olho ainda inchado, a médica Ana Paula Martins, que atua na rede municipal de Aparecida de Goiânia, utilizou as redes sociais para denunciar um caso de agressão que sofreu por parte de uma paciente. Ela também fez um desabafo sobre a dura realidade dos profissionais de saúde que atendem pelo SUS.
O caso aconteceu na noite desta quarta-feira (26), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Flamboyant.
Conforme a vítima, ela deu início ao plantão por volta das 07h quando, já ao fim, às 18h30, chamou a paciente pelo painel para ser atendida, mas, como ninguém se pronunciou, foi ela própria até a recepção chamar mais uma vez, nominalmente. Mais uma vez, ninguém se manifestou.
Ela então deu prosseguimento com os atendimentos e começou a se preparar para internar outro indivíduo quando, por volta das 18h50, a paciente que não respondeu aos chamados se apresentou, sendo informada que teria de aguardar.
“Eu informei que ela teria de aguardar o próximo atendimento, porque eu precisava internar o paciente. Nisso ela já não gostou, travou a entrada da porta, eu pedi para ela dar licença, ela não deu. Fui tentar sair e ela me golpeou com duas cabeçadas no meu rosto”, desabafou.
A Guarda Civil Municipal (GCM) compareceu e de imediato localizou a paciente, já alterada, afirmando que havia sido ela a destratada pela médica, em razão da cor da pele.
Porém, ao tentar se esquivar e fugir dos agentes, foi necessário o uso de algemas.
A médica também sustentou ter sido ameaçada e que a agressora havia inclusive ligado para alguém durante a confusão, falando que esta pessoa iria matá-la.
À equipe da GCM, a paciente admitiu a agressão em um momento de descontrole, mas negou ter ameaçado ou ofendido a profissional. Diante dos fatos, ela foi conduzida até a delegacia onde foi presa em flagrante.
Desabafo
Na publicação da médica, que já conta com mais de 280 mil visualizações, Ana Paula também fez um desabafo sobre todos os profissionais da saúde que atendem no sistema público e constantemente sofrem abusos e destratos por parte dos pacientes.
“Não foi a primeira vez, não será a última vez […] Não podemos ficar calados. É muito fácil cobrar atendimentos, produtividade. Mas a gente não tem segurança, não tem respeito, trabalhamos na precariedade. Nossos salários são ameaçados constantemente de redução, nossas escalas também”, lamentou.
Nos comentários, os internautas se solidarizaram com Ana Paula, também levantando problemas que observam no ofício.
“Somos cada dia mais tratados como lixo, como se fossemos obrigados a fazer o que o OUTRO quer. É lamentável. Eu sinto muito que você tenha passado por isso”, disse uma usuária que se identificou como médica.
“Completo absurdo! O pior é que aprendemos a normalizar isso. Todo profissional da saúde, seja médico, enfermeiro, técnico ou recepcionista, já passou por situações parecidas. Jovem ou idoso, mesmo sendo cordial, ético e respeitoso, não está isento de ser agredido. Ir trabalhar com medo, sem saber se voltará para casa com vida, se tornou parte da rotina. Estamos vivendo uma onda crescente de desumanidade”, pontuou outro.
Repercussão
Nas redes sociais, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) publicou uma nota de repúdio, se solidarizando com o caso.
“Não há justificativa para o ocorrido. Médicos não podem continuar sendo vítimas de agressões físicas, verbais e psicológicas, nem da precarização das condições de trabalho e do aviltamento salarial. Seguiremos firmes para garantir que todos os médicos exerçam a medicina com segurança, dignidade e condições adequadas”, escreveu.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia, que afirmou repudiar toda e qualquer agressão aos profissionais da pasta:
“A Secretaria de Saúde de Aparecida reafirma seu repúdio a toda e qualquer agressão aos profissionais da pasta, que estão diariamente atendendo à população salvando vidas e trabalhando para reduzir sofrimentos. O caso agora está sendo investigado pelas autoridades de segurança pública”
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