Em apenas 210 dias e sozinha, mulher constrói casa em vila isolada no meio das montanhas
Em um lugar sem energia, água encanada e estradas, ela criou sozinha uma vila completa com casa, saneamento, cozinha e produção de alimentos

Enquanto o mundo acelera rumo a cidades cada vez mais densas e dependentes de serviços públicos, uma mulher decidiu seguir na direção contrária.
Em uma região montanhosa isolada, longe de vizinhos e sem qualquer infraestrutura ao redor, ela passou 210 dias transformando um cenário remoto em uma vila completa, construída manualmente e planejada para funcionar de forma permanente, fora da rede.
O projeto, documentado pelo canal Wild Novels, não se resume a erguer uma casa em meio à natureza.
Desde o início, o objetivo era criar um sistema habitável integral, que reunisse moradia, saneamento, circulação e produção de alimentos — tudo isso em um lugar sem energia elétrica, água encanada, estradas pavimentadas ou acesso fácil a materiais.
O desafio, portanto, foi tão logístico quanto físico: sem máquinas e sem ajuda, cada decisão precisava considerar o transporte, o esforço individual e a viabilidade de manter o espaço funcionando a longo prazo.
A construção principal seguiu princípios tradicionais da arquitetura vernacular vietnamita, conhecida por favorecer conforto térmico e ventilação natural.
A escolha foi prática: técnicas adaptadas ao clima local e o uso de materiais disponíveis na própria região reduziram a dependência externa e permitiram uma edificação resistente, compacta e eficiente, capaz de oferecer bem-estar sem a necessidade de sistemas artificiais constantes.
Entre os pontos mais delicados do projeto, o saneamento exigiu planejamento rigoroso. Em áreas off-grid, a falta de cuidado com esse sistema pode comprometer a habitabilidade com o tempo, e foi justamente por isso que a vila recebeu um banheiro completo, com azulejos assentados manualmente, sistema hidráulico funcional e fossa séptica própria.
O conjunto indica que nada foi improvisado: o manejo correto de resíduos foi pensado para evitar contaminação do solo e garantir uso contínuo da estrutura.
A organização do espaço também seguiu lógica de eficiência. A vila inclui uma cozinha ao ar livre totalmente operacional, projetada para funcionar sem gás encanado ou eletricidade convencional.
Além de facilitar a ventilação e reduzir riscos, a estrutura se adapta melhor à rotina em ambiente isolado, onde cada metro construído precisa ter propósito.
Não há áreas excedentes ou apenas decorativas — cada ambiente cumpre uma função dentro do sistema maior, reduzindo deslocamentos e simplificando manutenção.
A proposta de autossuficiência foi além da construção civil e incorporou a produção de alimentos como parte essencial da infraestrutura.
O projeto conta com galinheiro, chiqueiro e áreas de cultivo organizadas para abastecimento contínuo, diminuindo drasticamente a dependência externa e permitindo subsistência mesmo em situações de isolamento prolongado.
Para garantir circulação segura entre todas as estruturas, a vila foi conectada por caminhos de concreto moldados à mão.
O detalhe, que pode passar despercebido à primeira vista, tem importância prática: melhora a drenagem, evita erosão do solo e facilita o deslocamento em períodos de chuva, algo fundamental em regiões montanhosas.
Em locais onde não há acesso rápido a materiais ou assistência, soluções assim aumentam a durabilidade e reduzem a necessidade de reparos constantes.
Ao final dos 210 dias, o resultado não é apenas um conjunto de construções rústicas, mas um sistema integrado e funcional, concebido para operar com baixo consumo de recursos e mínima dependência do mundo externo.
O feito chama atenção não só pelo isolamento, mas pelo nível de planejamento técnico envolvido, já que todo o projeto foi idealizado, executado e finalizado por uma única pessoa, sem máquinas modernas, equipe ou infraestrutura prévia.
Em um cenário global marcado por crise habitacional, encarecimento da construção civil e dependência energética crescente, a vila construída no meio das montanhas se torna um exemplo concreto de como técnicas tradicionais, quando aplicadas com estratégia e organização, ainda podem oferecer soluções resilientes, viáveis e duradouras.
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