Medicação inadequada teria feito idoso de Anápolis com câncer morrer rapidamente
Polícia Civil já trata o caso como sendo um homicídio e avisou que tem laudo médico que comprova o erro
Após a deflagração da Operação Metástase – que investiga fraudes e corrupção no IPASGO e Ingoh anterior a 2019, foi descoberto que um idoso de 78 anos, que fazia um tratamento oncológico, morreu após tomar medicação errada.
Em entrevista ao O Popular, o delegado Luiz Gonzaga, responsável pela investigação, revelou o nome do paciente e afirmou que a provocação do óbito já foi comprovada por laudo médico.
“O paciente Alexandre Francisco Abreu tinha uma sobrevida, embora num estágio avançado de câncer. O que aconteceu foi uma prescrição inadequada já comprovada em laudo médico. Isso encurtou a vida dele”, disse ao jornal.
De Anápolis, o idoso foi ao Ingoh de Goiânia para uma consulta, a única no centro oncológico, que nega culpa no episódio.
“Era um senhor que tinha superado sua expectativa de vida, com 78 anos de idade e neoplasia maligna do pulmão. Infelizmente veio a óbito, mas não há culpa do Ingoh nisso. Casos como esse infelizmente acontecem todos os dias, pessoas morrem com câncer”, disse Vítor Alarcão, advogado da empresa, ao O Popular.
A Polícia Civil, no entanto, já trata o caso como sendo um homicídio.
“Nós entendemos pelo conjunto probatório que se trata de homicídio, tanto pela prescrição errada, tanto pela liberação fraudulenta da auditoria do Ipasgo. Quem assinou essa liberação foi um dos membros da cúpula do Ipasgo, fato que associado aos demais elementos investigativos consubstancia uma possibilidade de atuação de uma organização criminosa”, adiantou o delegado.
Em tempo
Deflagrada nesta quinta-feira (12) pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECCOR) da Polícia Civil, a Operação Metástase investiga uma associação criminosa formada por antigos profissionais ligados ao Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado e ao Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh). O grupo seria responsável pelo desvio de R$ 50 milhões do Ipasgo.
“Uma verdadeira quadrilha foi criada para fraudar o credenciamento, superfaturar contas e fazer desvios milionários”, afirmou o secretário de Segurança Pública Rodney Miranda, durante a apresentação do caso à imprensa.
Foram apreendidos uma aeronave, carros de luxo e obras de arte. No total, a corporação cumpriu mandados de busca e apreensão contra 19 alvos. “As apreensões foram feitas para assegurar possível futura indenização à vítima e pagamento de despesas processuais”, explicou o delegado Luiz Gonzaga.
De acordo com as investigações, o superfaturamento de contas foi feito por diversos meios. Entre eles, a criação e a utilização de um robô para a auditoria automática das contas do Ingoh, o que resultava na ausência de valores indevidos.
A Polícia Civil também identificou que auditorias volumosas de contas eram efetivadas por auditores do Ipasgo que mantinham vínculo com a empresa.
“Era um claro conflito de interesses. Médicos do próprio Ingoh auditavam pelo Ipasgo. Ou seja, o Ingoh fiscalizava a si próprio”, destacou Luiz Gonzaga.
Durante a força-tarefa, os policiais encontraram medicamentos vencidos na farmácia do Ingoh, que estariam sendo usados para o tratamento de pacientes com câncer.