Foto polêmica do Parque Ipiranga durante quarentena acende nova discussão na cidade
Estariam as pessoas que frequentam o espaço cometendo crime? Quais os perigos envolvidos? Polícia Militar faz alerta e especialistas explicam riscos
Tirada do alto de um dos prédios do bairro Jundiaí, na região Central de Anápolis, uma foto tem gerado polêmica e dividido opiniões de internautas em Anápolis nas últimas 24h.
A imagem, mesmo precária, mostra o Parque Ipiranga num fim de tarde, com o estacionamento lotado de carros e uma quantidade incalculável de pessoas nas áreas verdes e pista de caminhada.
Rapidamente, o registro viralizou nas redes sociais com legendas ironizando e questionando às determinações governamentais que proibiram aglomeração de pessoas para evitar o avanço do novo coronavírus na cidade.
Com academias, bares e locais de entretenimento fechados, estariam cometendo algum crime àqueles que decidiram ir ao local para passear ou fazer atividades físicas? A resposta é não, como lembra o tenente coronel Eduardo Bruno, comandante do 4º BPM.
“Não tem ainda um dispositivo legal”, reconhece o oficial. No entanto, ele lembra que ignorar uma ordem de dispersão feita pela Polícia Militar acarreta em detenção por desobediência.
“A gente não quer utilizar essas medidas extremas. Esperamos que o cidadão abordado em situação de aglomeração com outras pessoas coopere, porque ele está colocando não somente a vida dele em risco, as também a de outras pessoas”, adverte.
Os perigos
Especialistas da área da saúde ouvidos pelo Portal 6 coincidem em um ponto: a possibilidade de contaminação em ambientes abertos é menor, mas o risco existe.
É o que dizem o médico infectologista, Marcelo Daher, e o biomédico e microbiologista, Éden Rodrigues.
“A princípio, atividade em ambiente aberto, ao ar livre e sem contato físico não oferece risco. Mas em uma situação de controle de deslocamento e isolamento social, o ideal é que não acontecesse. O problema é que as pessoas não estão acostumadas com essa situação”, lamenta Marcelo.
As informações oficiais, que mostram poucos casos de covid-19 confirmados na cidade, também não ajudam a manter as pessoas em casa, segundo o médico.
“O baixo número oficial de casos divulgado pelos boletins epidemiológicos do município faz com que essa sensação de que nada está acontecendo por aqui aumente. Sem testar os pacientes e com a demora nos resultados, será impossível manter as pessoas em casa”, emenda
Quem se arrisca precisa redobrar os cuidados e evitar contato direto, além de objetos de uso comum, recomenda o biomédico.
“As pessoas não podem ficar presas o tempo todo dentro de casa. Até porque isso até gera depressão, mas o que não pode é ter muitas pessoas no mesmo espaço quase topando uma na outra. Observando os critérios de higiene e segurança, como afastamento de pelo menos um metro e meio, é seguro”.
“Idosos e pessoas que tenham problemas de saúde, ou doenças crônicas, é que devem evitar ao máximo sair de casa”, complementa.
Treino em casa
Fazer atividade física em casa é uma opção para quem se preocupa em manter a forma. Além de exercícios funcionais, é possível usar até os movéis da residência para o treino, sugere Alexander David.
Policial militar e personal trainer, ele também é especialista em fisiologia humana e grupos especiais.
“O sofá, a cadeira, um saco de arroz e até o peso do próprio corpo podem ser usados em exercícios físicos domésticos. Lembra muito a calistenia, cujo o treino não usa os aparelhos vistos nas academias e também dá bom resultado. Para quem já fazia musculação é até bom aproveitar essa quarentena para descansar um pouco o corpo”, aconselha.